Retângulo de cantos arredondados: Brasil – Imigração e Emigração Estrangeira
Brasil - Imigração e Emigração Estrangeira

O Brasil recebeu uma significativa quantidade de pessoas de várias partes do mundo e que deixaram as marcas de sua cultura na população brasileira.
Até o fim da década de 1970, os movimentos populacionais no Brasil caracterizaram-se pela grande mobilidade de pessoas dentro do próprio país e pela vinda de imigrantes europeus e asiáticos nos séculos XIX e XX.
Migrações Internacionais

O Brasil foi o quarto país a receber pessoas de outros países na América, ficando atrás dos Estados Unidos, da Argentina e do Canadá. O Marco do inicio da imigração em nosso país foi o decreto assinado em 1908 por dom João VI, que permitia a posse de terras por estrangeiros. A partir daí, grandes contingentes de portugueses, italianos, alemães, espanhóis, eslavos e japoneses, entre outros, procuram o Brasil como nova Pátria.
Foi durante a segunda metade do século XIX e o início do século XX (1850-1930) que recebeu o maior número de imigrantes. A Inglaterra proibira o tráfego negreiro em 1850, e o Brasil era a nação essencialmente agrícola, totalmente dependente de mão de obra escrava. Isso ocorreu exatamente quando a cultura cafeeira já fizera riqueza do Vale do Paraíba (Rio de Janeiro e São Paulo). Após a Abolição da Escravatura, decretada em 13 de maio de 1888, fazendeiros que iniciavam a expansão dessa em outras regiões no estado de São Paulo estimularam a vinda de imigrantes, principalmente colonos italianos, para substituir a mão de obra escrava.
Outros fatores, como as crises econômicas na Europa, nessa mesma época, e a possibilidade de ascensão social na América, também motivaram essas grandes correntes migratórias ao Brasil.
Podemos traçar um perfil geral desses imigrantes. Eram em sua maioria jovens, pobres, do sexo masculino, em idade produtiva e com habilidade técnicas e manuais que desenvolveram ao trabalhar nas lavouras de seus respectivos países. Alguns traziam também a mentalidade empresarial, uma vez que vinham de potenciais industrializadas, o que foi fundamental, alguns anos depois, para as primeiras experiências realizadas nesse setor em nosso país.
Observe os gráficos abaixo:





A Imigração Estrangeira no Sul

Após a iniciativa pioneira em São Leopoldo (RS), em 1824, muitos outros imigrantes alemães dirigiram-se para a região Sul. Em 1850 e 1851, fundaram importantes colônias no estado de Santa Catarina, como a que deu origem a Blumenau, hoje importante centro industrial e comercial catarinense. A outra foi a colônia Dona Francisca, a atual cidade de Joinvile, a mais populosa cidade de Santa Catarina.
Erechim e Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul e Brusque, em Santa Catarina também surgiram da colonização alemã.
Os italianos se estabeleceram nas regiões de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde se dedicaram ao cultivo da uva e à fabricação do vinho. Também se estabeleceram em Santa Catarina, nas cidades de Orleans, Nova Veneza, Urussanga e Criciúma.
O Paraná recebeu, principalmente, povos eslavos (russos, ucranianos e poloneses), que se fixaram em Rio Negro, Ivaí e nos arredores de Curitiba.

A Imigração Estrangeira no Sudeste

Sem dúvida, a lavoura cafeeira carente de mão de obra foi a maior responsável pela vinda de imigrantes estrangeiros para o Sudeste. Entretanto, atividades urbanas, como o comercio e outros cultivos agrícolas, foram implantadas por esses grupos nos estados da região. Podemos dizer que cada nacionalidade teve uma característica diferente quanto a ocupação escolhida.
Os italianos, nos primeiros anos, dedicaram-se as lavouras cafeeiras do estado de São Paulo, que recebeu o maior numero deles. Cidades como Tietê Orlândia, Ribeirão Preto, Araraquara guardam ate hoje em sua população, desentendes de imigrantes italianos. No Espírito Santo, fixaram-se na região da cidade de Colatina.
Os espanhóis, sírio-libaneses (instalaram-se na Amazônia, Rio de Janeiro e São Paulo) e portugueses exerceram atividades tipicamente urbanas, como o comercio.
No período de 1890 a 1930, os portugueses formaram o grupo mais numeroso que chegaram ao Brasil, pois não sofreram as restrições impostas aos demais grupos. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, receberam o maior número deles, que também se encontram espalhados por todo o Brasil. As cidades de Salvador (BA), Recife (PE), Belém (PA), Florianópolis (SC), entre outras tem importantes comunidades portuguesas.
A partir de 1908, vieram japoneses que se fixaram em São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Pará.
Em São Paulo, dedicaram-se as variadas atividades agrícolas, em diferentes regiões:
Ø  Vale do Paraíba: cultivo de arroz.
Ø  Vale do Rio Ribeira do Iguape: cultivo de chá e banana.
Ø  Alta Paulista e Alta Sorocabana: criação do bicho-da-seda e avicultura.
Ø  Cinturões Verdes (grande São Paulo e arredores): atividades hortifrutigranjeiras.
Ø  No Paraná, dedicaram-se a agricultura (café, soja) e à criação do bicho-da-seda.
Ø  Em mato Grosso também exerceram atividades agrícolas.
Ø  No Pará introduziram o cultivo de pimenta do reino e da juta.

Principais Causas da Redução da Imigração

Na década de 1930, a vinda de imigrantes para o Brasil começou a diminuir sensivelmente, em razão de um conjunto de fatores:
Ø  O não cumprimento das promessas feitas pelos agenciadores desses imigrantes, que não encontravam aqui o que lhe era prometido, como terra própria para cultivar.
Ø  A queda da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que causou instabilidade econômica mundial e a queda do preço do café, principal fonte de divisas para o Brasil.
Ø  A instabilidade política motivada pela Revolução de 1930, quando o presidente Getúlio Vargas tomou o poder.
Ø  A Lei de Cotas da Imigração, instituída em 1934 no governo Vargas. Ficou estabelecido pela Constituição de 1934 e reiterado na Constituição de 1937 um limite de 2% eram calculados sobre total de imigrantes que haviam entrado nos últimos cinqüenta anos. Os portugueses eram a única exceção a essa lei.
Ø  Outras restrições juntaram-se à Lei de Cotas, como obrigar que 80% dos nossos imigrantes fossem agricultores.
Ø  Durante e após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a emigração diminuiu. Com a reestruturação econômica do pós-guerra, as migrações européias passaram a ser predominantemente internas (dos países mais pobres para os países mais ricos e industrializados) e menos intercontinentais (da Europa para a América, por exemplo).
Ø  O golpe militar de 1964, período de instabilidade política e social no país. O aumento da dívida externa e a repressão política, que desestimulou as migrações internacionais.

A Emigração de Brasileiros

       No  inicio da década de 1980, conhecida como “década perdida”, o baixo crescimento econômico fez o Brasil conhecer um novo processo em sua dinâmica populacional – a emigração de brasileiros, principalmente para os Estados Unidos, Japão, Canadá, Austrália e países da Europa e América Latina.
Antes disso, o país tinha conhecido as “migrações forçadas”, por motivos políticos, sobretudo nas ditaduras de Getúlio Vargas (1930) e do regime militar (1964-1985).
Na “década perdida”, as altas taxas de inflação, de desemprego e a busca de melhores perspectivas de vida foram os principais motivos que levaram a uma evasão de brasileiros para outras partes do mundo.
Depois de alguns anos de estabilidade do Plano Real, essas saídas diminuíram um pouco, mas foram retomadas após a desvalorização da moeda em 1999.
Infelizmente, esses movimentos envolveram aspectos preocupantes, como o tráfico de imigrantes, o tráfico de mulheres, que, seduzidas com promessas de altos salários, acabam envolvidas em redes de prostituição.
As estatísticas sobre brasileiros no exterior são imprecisas por causa desses imigrantes que trabalham e vivem de maneira irregular em outros países. Em 2009, segundo o Ministério das Relações Exteriores estimava-se que cerca de 3,1 milhões de brasileiros viviam no exterior. Um terço desses emigrantes vivem clandestinamente em cerca de trinta países.  veja a tabela a seguir:


Brasil no Exterior
Estados Unidos
1,3 milhão
Espanha
125 mil
Paraguai
300 mil
Reino Unido
180 mil
Japão
280 mil
Canadá
26 mil
Portugal
137 mil
Austrália
18 mil
Alemanha
89 mil


Fonte: Ministério das relações exteriores 2009.

            O maior fornecedor de imigrantes é o estado de Minas Gerais, com destaque para o Município de Governador Valadares.
            O número de brasileiros não para de aumentar nos Estados Unidos, apesar das rígidas leis elaboradas para impedir a entrada de estrangeiros. Algumas cidades e regiões concentram esses imigrantes. Cerca de 300 mil estão na região de Nova York, 200 mil na região de Boston (no estado de Massachusetts), 150 mil na Flórida, além da Califórnia, onde vivem cerca de 25 mil brasileiros. Grande parte deles entrou clandestinamente pela fronteira do México.
            A emigração para o Paraguai iniciou-se com a expulsão de trabalhadores do campo , principalmente em virtude da construção de barragens para hidrelétricas. A abertura da ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu (Paraná) e a cidade do leste (Paraguai) intensificou a emigração. Outro ponto de atração foi o cultivo da soja. Ao longo da fronteira com o Brasil têm-se desenvolvido várias cidades constituídas majoritariamente por brasileiros, chamados de ’brasiguaios”. A emigração de brasileiros chegou a ser incentivada na década de 1970 pelo governo de Alfredo Stroessner (presidente do Paraguai entre 1959-1989.
            Entretanto, os brasiguaios sofrem preconceitos discriminação, principalmente quanto ao acesso a terra e à educação. Em 2002, foi aprovada uma lei que proíbe qualquer estrangeiro de adquirir terras numa faixa de 50 km da fronteira.
            Na União Européia, como todos os estrangeiros, os brasileiros sofrem preconceito e muitas vezes passam por situações humilhantes em aeroportos principalmente na Espanha e no Reino Unido. Cientistas e esportistas também saem de seu país de origem em busca de melhores oportunidades.
            No caso do Japão, foram principalmente os descendentes de japoneses que vieram do Brasil, no inicio do século XX, os chamados dekasseguis.
            Uma modalidade de migração que tem crescido bastante no Brasil é a de jogador de futebol e vôlei, que buscam melhores condições de trabalha em mercados internacionais. Segundo a confederação Brasileira de Futebol, só em 2008 houve 1176 transferências de jogadores brasileiros para países como África do Sul, Alemanha, Angola, Albânia, Belarus, Coréia do Sul e outros. Isto sem falar das “estrelas” do nosso futebol que atuam em times da Espanha, França, Itália, Alemanha e Portugal.
            No vôlei, segundo esporte mais importante do país há 348 jogadores atuando fora do Brasil. À Espanha é o principal destino desses jogadores, mas destacam-se também em Portugal e Itália.  

As Novas imigrações

            A partir das últimas décadas do século XX, o Brasil recebeu mais i9migrantes e refugiados. Na primeira categoria, se destacam-se bolivianos e coreanos. Na segunda, africanos e palestinos.
            O B rasil é o quarto destino dos bolivianos, depois de Argentina, Espanha e Estados Unidos. È muito dificio estabelecer um número para este fluxo que se iniciou na de 1980, porque a maioria desses imgrantes vem clandestinamnete. muitos deles se dirigem ao estado de Mato Grosso, mas seu principal destino é a cidade de São Paulo, onde trabalham em oficinas de costura nos bairros do Bom Retiro, Brás, Pari, Barra Funda, Cambuci e Mooca.
            Pelo fato de serem ilegais, acabam se sujeitando a condições de trabalho de semiescrivão.
            Oficialmente, a entrada de coreanos no país se iniciou em 1963. em 2009, havia uma estimativa de que 250 mil coreanos e seus descendentes viviam em território brasileiro, 90% deles na cidade de São Paulo.
            Nos anos 1990, a confecção de moda feminina passou a ser a principal atividade dos oceanos, principalmente no bairro do Bom Retiro. Muitos deles empregam bolivianos em suas oficinas.

Refugiados

            “Um refugiado ou uma refugiada è toda pessoa que por causa de fundados temo0res de perseguição devido a sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos demores, não pode ou não quer regressar ao mesmo”. convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados.
            Em 1999, o Brasil firmou com a agencia da ONU para refugiados um acordo para receber refugiados
de vários país. Desde então, chegaram ao Brasil 4183 refugiados de 76 nacionalidades diferentes. Veja a tabela abaixo.
            desde o início da formação de marco internacional. de proteção aos refugiados, o Brasil tem desempenhado um papel importante.

Brasil Nacionalidades Com Maior Número de Refugiados

Nacionalidade
Refugiados
%
Angola
1688
40,4
Colômbia
568
13,6
Rep. Democrática do Congo
374
8,9
Libéria
259
6,2
Iraque
195
4,7
            Fonte: CONARE – Comitê Nacional para os Refugiados, set. 2009

            No ano de 1960 o Brasil foi o primeiro país do Cone Sul a ratificar a Convwnção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados. No ano de 1997, passou a ser o primeiro país do Cone Sul a sancionar uma lei nacional de refúgio.
            O Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) é o organismo público responsável por receber as solicitações de refúgio e determinar se os solicitantes reúnem as condições necessárias para ser reconhecidos como refugiados. è uma comissão internacional no âmbito do Ministério de Justiça. Possibilita às pessoas que reconhece como refugiados documentação que lhes permite resistir legalmente no país, trabalhar e ter acesso aos serviços públicos, Taís como saúde, educação , etc.
            O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) reabriu seu escritório em Brasília em 2009.
           





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