Geologia e relevo do Brasil
Ambos ocupam cerca de 95% do território, enquanto
as planícies, de origem sedimentar, ocupam aproximadamente 5%.
Assim, cerca de 60 % do território é formado por
bacias sedimentares, enquanto cerca 40% por escudos cristalinos.
História
do relevo brasileiro
A
estrutura geológica da qual se formou o relevo brasileiro é muito antiga. Uma
parte de sua estrutura geológica começou a se formar há, pelo menos, dois
bilhões de anos, ainda no período Pré-Cambriano. Essas áreas estão localizadas
no Norte, em uma faixa do Nordeste e em parte do Sul do território nacional,
onde se constituíram mais tarde os planaltos em intrusões.
Do
mesmo período de tempo geológico datam os dobramentos antigos (ou maciços
antigos) — áreas de soerguimento formadas há bilhões de anos e muito
desgastadas pela ação dos agentes intempéricos, e que hoje constituem a base do
relevo de boa parte do Brasil.
As
bacias sedimentares são os compartimentos mais recentes comparativamente, uma
vez que os sedimentos de rocha mais antigos a serem datados remetem à era
Paleozoica, entre 248 e 545 milhões de anos.
A
era Mesozoica foi marcada por um intenso vulcanismo que teve lugar na região da
bacia sedimentar do Paraná, gerando extensos depósitos de lava sobre as camadas
de sedimentos anteriormente depositadas. Decorrentes desse processo estão as
rochas basálticas presentes principalmente na formação Serra Geral.
O
soerguimento da cordilheira dos Andes, na faixa oeste da América do Sul, e o
reflexo que esse movimento orogenético surtiu no substrato brasileiro,
notadamente por meio da elevação de áreas (epirogênese), é considerado o último
grande registro de atividades de origem tectônica a terem influência sobre a
constituição do relevo.
Tais
eventos ocorreram já na era Cenozoica, durante a sua primeira fase, o
Terciário. Data desse período a reativação de falhamentos da estrutura
brasileira, o que contribuiu de forma direta para a constituição das escarpas
da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, e a intensificação dos processos
erosivos que constituiriam as atuais formas do relevo brasileiro.
Principais
Classificações do Relevo Brasileiro
Ø Aroldo de Azevedo (1949):
Uma das primeiras classificações, focada na altimetria. Ele dividiu
o relevo em planaltos (com mais de 200 metros) e planícies (com menos de 200
metros), definindo quatro planaltos e quatro planícies.
Ø Jurandyr Ross (1989):
A classificação mais atual e
utilizada, baseada em novas tecnologias, como o Radam Brasil. Ela divide o território brasileiro em 28
unidades de relevo: 11 planaltos, 11 depressões e 6 planícies.
Ø Aziz Ab’Sáber:
Essa
classificação defende que o relevo brasileiro é composto por planaltos e
planícies, sendo mais precisamente três planícies e sete planaltos.
A
classificação atual do relevo brasileiro foi criada pelo professor Jurandyr
Ross. As três formas de relevo predominantes no Brasil são:
Planalto
Também
chamados de platôs, os planaltos são terrenos elevados e planos, com altitudes
variáveis e onde predomina o desgaste erosivo.
Quanto à
isso, são classificados de acordo com formação geológica:
·
Planalto
Sedimentar (formados por rochas sedimentares)
·
Planalto
Cristalino (formados por rochas cristalinas)
·
Planalto
Basáltico (formados por rochas vulcânicas)
Planície
Terrenos
planos e com altitudes baixas, nos quais predominam o processo de acumulação de
sedimentos. Assim, podem ser:
·
Planície
Costeira (constituídas pela ação do mar)
·
Planície
Fluvial (constituídas pela ação de um rio)
·
Planície
Lacustre (constituídas pela ação de um lago)
Depressões
As
depressões são formadas pelo processo de erosão, as depressões são terrenos
relativamente inclinados e baixos.
São
classificadas em:
·
Depressões
Absolutas (localizadas abaixo do nível do mar).
·
Depressões
Relativas (altitudes menores do que o relevo que está ao seu redor).
Montanhas
São
relevos que se formam a partir do contato entre placas tectônicas. Como o
Brasil se encontra no meio da placa sul-americana, não existe atividade
tectônica de grande intensidade, portanto, não há montanhas.
Os
relevos elevados do Brasil, como o Pico da Neblina e o Pico da Bandeira, são,
na realidade, planaltos antigos que estão se desgastando e perdendo altitude
com o passar do tempo.
Planaltos
do Brasil
No
território brasileiro há um predomínio de planaltos. Esse tipo de relevo ocupa
cerca de 5.000.00 km2 da área total do país, do qual as formas
mais comuns são os picos, serras, colinas, morros e chapadas.
De
maneira geral, o planalto brasileiro é dividido em planalto meridional, planalto central e planalto atlântico:
Planalto Central
O
planalto central está localizado nos Estados de Minas Gerais, Tocantins, Goiás,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O
local possui grande potencial elétrico com presença de muitos rios, donde se
destacam os rios São Francisco, Araguaia e Tocantins.
Além
disso, há o predomínio de vegetação do cerrado. Seu ponto de maior altitude é
a Chapada dos
Veadeiros, localizada no estado de Goiás e com altitudes que
variam de 600 m a 1650 m.
Planalto das Guianas
Localizado
nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá, o planalto das guianas é uma das
formações geológicas mais antigas do planeta.
Ele
se estende também pelos países vizinhos: Venezuela, Colômbia, Guiana, Suriname
e Guiana Francesa.
Formado
em sua maioria, por vegetação tropical (Floresta Amazônica) e serras. É aqui
que se encontra o ponto mais alto do relevo brasileiro, ou seja, o Pico da Neblina com
cerca de 3.000 metros de altitude, localizado na Serra do Imeri, no Estado do
Amazonas.
Planalto Brasileiro
Formado
pelo Planalto Central, Planalto Meridional, Planalto Nordestino, Serras e
Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Maranhão-Piauí e Planalto
Uruguaio-Rio-Grandense.
O
ponto mais alto do planalto brasileiro é o Pico da Bandeira com cerca de 2.995
metros, localizado nos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, na serra do
Caparaó.
Planalto Meridional
Localizado,
em sua grande maioria, no sul do país, o planalto meridional estende-se também
pelas regiões do centro-oeste e sudeste no Brasil.
Seu
ponto mais alto é Serra
Geral do Paraná presente nos estados do Rio Grande do Sul,
Paraná e Santa Catarina.
É
dividido em: planalto arenito-basáltico, os quais formam as serras (cuestas) e a depressão
periférica, caracterizada por altitudes menos elevadas.
Planalto Nordestino
Localizado
na região nordeste do país, esse planalto possuem a presença de chapadas e
serras cristalinas, donde destaca-se a Serra da Borborema.
Ela
está localizada nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do
Norte, com altitude máxima de 1260 m.
Os
picos mais elevados na Serra ou Planalto da Borborema é o Pico do Papagaio
(1260 m) e o Pico do Jabre (1200 m).
Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste
É
conhecido pela denominação “mar
de morros”. Envolve grande parte do planalto atlântico, no
litoral do país, as serras e os planaltos do leste e do sudeste.
Abrangem
os estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Destacam-se
a Serra da Canastra, Serra do Mar e Serra da Mantiqueira.
Planalto do Maranhão-Piauí
Também
chamado de planalto meio-norte, esse planalto está localizado nos estados do
Maranhão, Piauí e Ceará.Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo
Sul-rio-grandense)
Localizado
no estado do Rio Grande do Sul, o escudo sul-rio-grandense apresenta elevações
de até 550 metros, o qual caracteriza o conjunto de serras do estado.
Um
dos pontos mais altos é o Cerro
do Sandin, com 510 metros de altitude.
Planícies do Brasil
As
planícies do Brasil ocupam cerca de 3.000.000 km2 de todo o
território, sendo as principais:
Planície Amazônica
Localizada
no estado de Rondônia, esse tipo de relevo caracteriza a maior área de terras
baixas no Brasil. As formas mais recorrentes são a região de várzeas, terraços
fluviais (tesos) e baixo planalto.
Planície do Pantanal
Situada
nos estados no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a planície do pantanal é um
terreno propenso às inundações. Portanto, ele é marcado por diversas regiões
pantanosas.
Lembre-se
que o Pantanal é a maior planície inundável do mundo.
Planície Litorânea
Também
chamada de planície costeira, a planície litorânea é uma faixa de terra situada
na região costeira do litoral brasileiro, que possui aproximadamente 600 km.
Depressões do Brasil
No
Brasil, nós temos um total de 11 depressões diferentes, todas elas consideradas
depressões relativas. As principais formas de depressão são:
Depressão Marginal Norte e Sul-Amazônica
Estas
duas depressões são localizadas, respectivamente, ao norte e ao sul do Rio
Amazonas. São importantes porque comportam o principal bioma do Brasil, a
Floresta Amazônica.
Além
disso, é uma região onde existe um grande interesse nas atividades econômicas,
como mineração e pecuária. Portanto, nestes locais, ocorre um número cada vez
maior de conflitos entre garimpeiros e povos tradicionais
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia
do Paraná
Abrange
o interior dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, além de uma
pequena porção do sul de Minas Gerais. É uma região extremamente populosa e
urbanizada, além de ser a região mais rica do país.
Depressão Sertaneja e do Rio São Francisco
É
o relevo onde se localiza a Caatinga, sendo considerada a região mais seca do
país. A população é predominantemente rural e vive da criação de animais e
agricultura em pequenas propriedades.
A
desigualdade social é a marca registrada da região, no entanto, desde a
transposição do Rio São Francisco, as condições de plantio melhoraram na
região, e hoje ela é considerada um dos principais polos de produção de frutas
do país.
Relevo
brasileiro e os impactos ambientais
O
relevo brasileiro sofre constantemente com os impactos causados pela ação do
ser humano no meio ambiente. A alteração na paisagem pode acontecer
principalmente mediante: a remoção da cobertura vegetal ou a sua substituição,
que deixa o solo e a rocha mais expostos aos agentes intempéricos, responsáveis
por modelar o relevo brasileiro, e os torna mais suscetíveis à erosão. O risco
é ainda mais elevado nas áreas de serras e encostas de morros, especialmente no
ambiente urbano; a exploração irrestrita de depósitos minerais em superfície ou
subsuperfície, que pode fragilizar a estrutura geológica e acelerar os
processos erosivos, ocasionando até mesmo o solapamento (ou rebaixamento
abrupto) de áreas.
Por
essa razão, é fundamental a realização de mapeamento geológico e do diagnóstico
de áreas, além de um planejamento adequado para a instalação de obras, projetos
de infraestrutura, construção de residências e desenvolvimento de atividades
econômicas."
Escrito por: Mirian de
Oliveira Lira
Licenciada em Geografia pela
Universidade Federal do Acre (UFAC) e pós graduada em Educação, Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável pela Faculdade Integrada de Várzea Grande (FIVE).
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