O comércio exterior brasileiro

 

Evolução do comércio exterior brasileiro

            Durante o período colonial (1500-1815), Portugal manteve o monopólio do comércio com o Brasil até 1808. Em 28 de janeiro de 1808, dom João VI assinou em Salvador o Decreto de Abertura dos portos às Nações Amigas. Terminava assim o período do monopólio e do Pacto Colonial, iniciando a história do comercio exterior brasileiro, não vinculado a Portugal.

            Os períodos distintos do comercio exterior brasileiro foram:

Ø  1945 – 1990- Substituição de importações: o Brasil industrializou-se adotando o modelo que consisti em fabricar no próprio país o que antes era importado. A política marcante desse período foi o protecionismo, isto é, taxavam-se os produtos importados para que não competissem com os bens produzidos pela indústria nacional.

Ø  De 1990 em diante – liberalização de importações: em 1990, o governo brasileiro introduziu um programa de liberalização financeira externa e de eliminação das barreiras protecionistas na importação, cujos os principais pontos foram:

·         Abolir barreiras não tarifárias, como reserva de mercado, cotas e proibições;

·         Reduzir a média das tarifas de exportação.

 

Balança comercial e balanço de pagamento


    
       
Por balança comercial compreende-se a relação entre o que um país exporta e o que ele importa.
Subtraindo o volume de Importações do total de exportações de ativos, obtemos o saldo da balança comercial.

 

Balança comercial positiva

A balança comercial será considerada positiva ou favorável quando um país exportar mais do que importar, ou seja, quando ela vender mais para o exterior do que comprar (Superavit comercial) Este é o cenário desejado pelos governantes, já que criaria mais receita e impulsionaria o emprego interno.

Balança comercial negativa

Mas o oposto também pode acontecer, ou seja, um país importar mais do que exportar, ou comprar mais do exterior do que efetuar vendas para fora. Neste caso a balança é negativa/desfavorável ou ocorre o que o mercado chama de déficit comercial.

Balanço de pagamentos

De acordo com o Fundo Monetário Internacional, balanço de pagamentos consiste no registro sistemático de todas as transações econômicas realizadas, durante um certo período, entre residentes do país e residentes de outros países, ditos estrangeiros.

Em outras palavras o balanço de pagamentos é o registro da entrada e saída de dólares de um país, como o Brasil, por exemplo. Sempre que é feito uma viagem ao exterior, uma compra lá fora ou você manda dinheiro para alguém que está em outro país, ocorre uma saída de dinheiro do Brasil. Mas quando um investidor decide mandar dinheiro para cá a fim de estabelecer um negócio, por exemplo, ocorre a entrada de dinheiro (dólares).

Evolução da balança comercial brasileira

Ø  Balança comercial brasileira de 1808 – 1820 – antes da abertura dos portos, a balança comercial brasileira apresentava superávit e uma pauta de exportação na qual predominavam produtos primários, como açúcar, algodão, café, pele e couro.

Ø  Balança comercial brasileira de 1820-1970 – o café reinou absoluto nas exportações brasileira, chegando a representar mais de 60% do total.

Ø  Balança comercial brasileira a partir de 1970 – a pauta das exportações brasileiras se diversificou e, apesar do destaque dos produtos primários, já apresentava diversos produtos industrializados. Nas importações brasileiras, predominavam produtos manufaturados e combustíveis.

Ø  Balança comercial brasileira de 1991-2007 – os manufaturados passaram a predominar na pauta de exportações, principalmente produtos metalúrgicos e químicos máquinas e material de transportes.

Ø  Balança comercial brasileira a partir de 2008 – as commodities voltaram a ocupar lugar de destaque entre as exportações.

            Quanto ao saldo comercial, a balança comercial brasileira alternou déficits e superávits em sua história.

            Entre os períodos mais recentes em que a balança brasileira apresentou déficit comercial, destaca-se a década de 1970, principalmente por causa da elevação do preço do petróleo, principal produto de importação no mercado internacional.

            Em outro período, de 1995 a 2000, o saldo da balança comercial também foi negativo, isto é, o valor das importações excedeu o das exportações. Isso aconteceu principalmente porque o Plano Real, criado em 1994, valorizou a moeda nacional (real) e facilitou a entrada de produtos estrangeiros mais competitivos que os brasileiros, por serem mais baratos e, muitas vezes, por representarem “o novo” em relação aos já conhecidos produtos nacionais.

            A partir de 2001, a balança comercial brasileira passou a ser superavitária, até 2013. Após ter seu saldo afetado, em 2011, a balança iniciou uma trajetória de queda e registou, em 2014, seu primeiro déficit depois de treze anos. Os principais motivos dessa situação foram: a queda da produção brasileira, crises internacionais, principalmente na zona do Euro e na Argentina, aumento da importação de combustíveis e a queda dos preços das comodities. A balança comercial representou 11,5% do PIB nacional, em 2014, ficando muito abaixo da média mundial, que foi de 29,8%.

            Em 2015, as exportações brasileiras apresentaram queda. Contudo, as importações caíram ainda mais e a balança comercial voltou a apresentar superávit.

O comércio brasileiro no contexto internacional


            O Brasil pertence à Organização Mundial do comercio (OMC) e realiza suas trocas comerciais no comercio multilateral (com países isoladamente); como também se relaciona com blocos econômicos, fazendo ou não parte de alguns deles.

            Em 2015, os principais destinos das exportações brasileiras foram China, Estados Unidos, Argentina, Holanda, Venezuela, Alemanha, Japão, Chile, Índia e Itália. Os países de origem de grande parte das importações eram China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha, Japão e Nigéria.

            O comércio exterior brasileiro modificou-se intensamente após a década de 1970, impulsionado pela modernização e pela industrialização do país, que tem exportado cada vez mais produtos industrializados e semimanufaturados, embora nos últimos anos as comodities tenham voltado a se destacar em nossa pauta de exportações.

            Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os principais produtos exportados pelo Brasil em 2014 foram: minério de ferro, complexo soja, óleo bruto de petróleo, complexo carne (frango e bovina), automóveis e máquinas industriais.

            Já entre os principais produtos de importação, destacam-se: combustíveis e lubrificantes, equipamentos mecânicos, elétricos e eletrônicos, automóveis e peças automotivas, produtos químicos, plásticos e farmacêuticos e fertilizantes.


O Brasil e os blocos econômicos

           

            O Brasil faz parte de dois blocos econômicos: o Mercado Comum do Sul (Mercosul), o principal bloco econômico da América do Sul, e a Associação Latina- Americana de Integração (Aladi), um bloco menor, mas também importante e estratégico economicamente, no âmbito sul-americano. Além disso, mantêm relações comerciais com associações econômicas de vários continentes.

 

Barreiras comerciais e o G – 20 comercial

Em Barreiras comerciais pode ser entendida como qualquer lei, regulamento, política, medida ou prática governamental que imponha restrições ao comércio exterior.

Há duas categorias mais comuns de barreiras, quais sejam:

Barreiras tarifárias: que tratam de tarifas de importações e taxas diversas.

Barreiras não-tarifárias: que tratam de restrições quantitativas, licenciamento de importação, procedimentos alfandegários, valoração aduaneira arbitrária ou com valores fictícios, Medidas Antidumping, Medidas Compensatórias, subsídios, Medidas de Salvaguarda e medidas sanitárias e fitossanitárias. Dentre estas últimas encontram-se as barreiras técnicas, que são mecanismos utilizados com fins protecionistas.

            Protecionismo são medidas econômicas de um Estado para aumentar as exportações e diminuir ou proibir as importações. Entre as medidas protecionistas são comuns os subsídios e as medidas de salvaguarda.

Ø  Subsídios são auxílio a determinados setores para que sue produtos sejam competitivos no mercado externo. Como exemplo, podemos citar os subsídios concedidos a agricultores da União Europeia e dos Estados Unidos.

Ø  Salvaguarda: são medidas adotadas por países importadores para proteger seu mercado interno, sua economia ou áreas determinadas da produção interna, por exemplo, as tarifas de salvaguarda concedidas à indústria do aço, nos Estados Unidos.

            De modo geral, os produtos brasileiros são alvos de barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias. Bem como de medidas protecionistas, principalmente por parte de países ricos. Por isso, é comum o Brasil recorrer à OMC por causa de medidas como protecionismo, subsídios e tarifas impostas aos seus produtos. Entretanto, o Brasil não enfrenta problemas com países desenvolvidos quanto a barreiras comerciais. A Argentina, por exemplo, importante parceiro no Mercosul, tem imposto restrições a alguns produtos industrializados brasileiros.

            Frente à intransigência dos governos que se recusam a reduzir subsídios, em 2003, sob liderança do Brasil, da Índia e da África do Sul, foi organizado um bloco de vinte países não desenvolvidos, denominados G -20, para pressionar os países desenvolvidos a reverem as medidas protecionistas no setor agrícola.

            O Brasil também é integrante do Grupo Cairns outro bloco que combate o protecionismo rural na OMC. Esse grupo com dezenove membros tem como objetivo a busca de um sistema com regras justas para o comércio mundial de produtos agrícolas. Tanto o G-20 como o Cairns procuram cuidar das relações comerciais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, principalmente com os produtores das chamadas commodities.

 

 Os corredores de exportação

           Para organizar o embarque de produtos nos portos marítimos do país, o governo criou, na década de 1970, os corredores de exportação: eixos que reúnem condições de transporte de cargas por rodovias, hidrovias ou ferrovias, de armazenamento em silos ou contêineres e sistema portuário.

            Os principais portos marítimos do Brasil são os pontos terminais desses corredores estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul, cujas economias são as mais dinâmicas do país.

Desafios do comercio exterior

            Contribuindo com pouco mais de 1% das exportações globais, o Brasil quem em 2015 possuía a sétima economia do mundo, precisa ampliar ainda mais as suas relações comerciais e o seu volume de produtos exportados. Para isto, o país necessita de reforma em vários pontos de sua economia, eliminando uma série de fatores que são chamados custo Brasil. Esse “custo” envolve entraves que impedem o crescimento do comercio exterior brasileiro. Entre eles podemos citar:

Ø  A maior parte das exportações brasileira de produtos industriais é composta de produtos de baixa e média tecnologia e baixo valor agregado, o que comprova a defasagem tecnológica das industrias nacionais, diminuindo a competitividade dos produtos brasileiros no comercio exterior.

Ø  A burocracia necessária para exportação e a importação de produtos; os preços e as altas taxas de juros compradas nas vendas dos mesmos.

Ø  Falta de uma rede de transporte bem aparelhada. A infraestrutura de transporte brasileira é insuficiente, cara e pouco integrada nos moldais ferroviários e instalações portuárias, configurando um fator desfavorável ao movimento de importações exportações.

Ø  Dependência exportações de commodities e do seu preço no mercado internacional esse fato torna a balança comercial sensível as variações do preço desses produtos e as crises econômicas influenciam as compras de países consumidores e importadores

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