O ARTESANATO A MANUFATURA E A INDÚSTRIA



        O ser humano sempre transformou os recursos naturais em bens ou objetos para suprir suas necessidades diárias de sobrevivência.

         Podemos reconhecer três estágios nessa transformação: o artesanato, a manufatura e a indústria. O artesanato é conhecido há milhões de nãos e foi predominante até o surgimento da manufatura, que reorganizou a forma como o trabalho era feito até então.

            O crescimento das manufaturas e o avanço das tecnologias permitiram o surgimento da indústria. A partir da Revolução Industrial ( que teve início no século XVIII, na Inglaterra), ocorreram mudanças no espaço geográfico mundial que influenciaram significativamente as formas de produção da sociedade nos dias de hoje.

 


O ARTESANATO

O artesanato é uma técnica manual utilizada para produzir objetos feitos a partir de matéria-prima natural. Normalmente, os artesanatos são fabricados por famílias, dentro de sua própria casa ou em uma pequena oficina. Tal técnica é praticada desde o período antigo, denominado Neolítico, quando poliam pedras para fabricar armas e objetos de caça e pesca, cerâmica para guardar alimentos e tecelagem para fabricar redes, roupas e colchas.

A partir da Revolução Industrial, que iniciou na Inglaterra, o artesanato foi fortemente desvalorizado, deixou de ser tão importante, já que neste período capitalista o trabalho foi dividido colocando determinadas pessoas para realizarem funções específicas, essas deixaram de participar de todo o processo de fabricação. Além disso, os artesãos eram submetidos à péssimas condições de trabalho e baixa remuneração. Este processo de divisão de trabalho recebeu o nome de linha de montagem.

Hoje, o artesanato voltou a ter prestígio e importância. Continua a buscar elementos naturais para desenvolver suas peças originadas do barro, couro, pedra, folhas e ramos secos entre outros. Em todas as regiões é possível encontrar artesanatos diversificados originados a partir da natureza típica do local e de técnicas específicas.

O artesanato é reconhecido em áreas como a de bijuterias, bordados, cerâmica, vidro, gesso, mosaicos, pinturas, velas, sabonetes, saches, caixas variadas, reciclagem, patchwork, metais, brinquedos, arranjos, apliques, além de várias técnicas distintas utilizadas para a fabricação de peças.

 

A MANUFATURA



            A manufatura (do latim, manu, mão e factura, feitio) descreve a transformação de matérias primas em produtos terminados para sua comercialização. Também envolve processos de elaboração de produtos semi-faturados. O termo manufatura pode se referir a uma grande variedade de atividades humanas, desde o artesanato até a alta tecnologia, mas é mais comumente aplicada à produção industrial, na qual as matérias primas são transformadas (produção ou montagem de elementos) em bens acabados em grande escala. Isto permite qualificar como manufatureiras um conjunto de indústrias, dentre as quais podemos destacar a indústria aeronáutica, mecânica, alimentícia, eletrônica, elétrica, química, automobilística, confecção, calçados e moveleira.

A fabricação se produz sob todos os tipos de sistemas econômicos. Em uma economia capitalista, a fabricação é dirigida normalmente à elaboração de uma série de produtos que serão comercializados com a obtenção de lucro. Em uma economia coletivista, a fabricação esta frequentemente dirigida por uma agência estatal. Nas economias modernas, a fabricação ocorre sob algum grau de regulação governamental.

A fabricação moderna inclui todos os processos intermediários requeridos para a produção e a integração dos componentes de um produto. O setor industrial está estreitamente relacionado com a engenharia e o desenho industrial.

O processo pode ser manual (origem do termo) ou com a utilização de máquinas. Para obter um maio volume de produção é aplicada a técnica da divisão do trabalho, onde cada trabalhador executa só uma pequena porção do fabrico. Desta maneira, são economizados e especializados movimentos, fato que repercute numa maior velocidade de produção.

A produção artesanal faz parte da vida humana desde a Idade Média, acredita-se que a manufatura moderna surge próxima à Revolução Industrial britânica, expandindo-se, a partir de então, por toda a Europa continental, logo à América do Norte e, em seguida, pelo resto do mundo.

A manufatura tornou-se uma porção imensa da economia do mundo moderno. Segundo alguns economistas, a fabricação é um setor que produz riqueza, enquanto o setor de serviços tende a ser o consumo desta mesma riqueza.

A INDÚSTRIA E AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

            Com o aumento da demanda, as oficinas manufatureiras começaram a investir em novas técnicas de produção e tecnologias, como a máquina a vapor e o ter mecânico.

            A introdução cada vez maior de máquinas nas oficinas manufatureiras provocou uma revolução na produção de mercadorias. Foi assim que surgiu a indústria, atividade econômica que se caracteriza pela grande divisão do trabalho, pela especialização do trabalhador em determinada tarefa, pelo emprego de máquinas movidas à energia (primeiramente, energia calorífica do carvão mineral), pelo trabalho assalariado e pela produção em massa e padronizada, ou seja, de muitos bens exatamente iguais.

            O século XVIII marcou o início do processo de industrialização da produção; a partir daí, sucederam-se as chamadas revoluções industriais.

Primeira Revolução Industrial

Refere-se ao processo de evolução tecnológica vivido a partir do século XVIII na Europa Ocidental, entre 1760 e 1850, estabelecendo uma nova relação entre a sociedade e o meio, bem como possibilitou a existência de novas formas de produção que transformaram o setor industrial, dando início a um novo padrão de consumo.

Essa fase é marcada especialmente pela substituição da energia produzida pelo homem por energias como a vapor, eólica e hidráulica; a substituição da produção artesanal (manufatura) pela indústria (maquinofatura) e também pela existência de novas relações de trabalho.

As principais invenções dessa fase que modificaram todo o cenário vivido na época foram: a utilização do carvão como fonte de energia; o consequente desenvolvimento da máquina a vapor e da locomotiva. Nessa fase foi, também, desenvolvido o telégrafo, um dos primeiros meios de comunicação quase instantânea.

A produção modificou-se, diminuindo o tempo e aumentando a produtividade; as invenções possibilitaram o melhor escoamento de matérias-primas, bem como de consumidores e também favoreceram a distribuição dos bens produzidos.

Segunda Revolução Industrial


     Refere-se ao período entre a segunda metade do século XIX até meados do século XX, tendo seu fim durante a Segunda Guerra Mundial. A industrialização avançou os limites geográficos da Europa Ocidental, espalhando-se por países como Estados Unidos, Japão e demais países da Europa.

Compreende à fase de avanços tecnológicos ainda maiores que os vivenciados na primeira fase, bem como o aperfeiçoamento de tecnologias já existentes. O mundo pôde vivenciar diversas novas criações que aumentaram ainda mais a produtividade e consequentemente aumentaram os lucros das indústrias. Houve nesse período, também, grande incentivo às pesquisas, especialmente no campo da medicina.

As principais invenções dessa fase estão associadas ao uso do petróleo como fonte de energia, utilizado na nova invenção, o motor à combustão. A eletricidade que antes era utilizada apenas para desenvolvimento de pesquisas em laboratórios, nesse período, começa a ser usada para o funcionamento de motores, com destaque para os motores elétricos e à explosão. O ferro que antes era largamente utilizado, passou a ser substituído pelo aço.

Terceira Revolução Industrial


Também conhecida como Revolução Tecnocientífica, iniciou-se na metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Essa fase representa uma revolução não só no setor industrial, visto que passou a relacionar não só o desenvolvimento tecnológico voltado ao processo produtivo, mas também ao avanço científico, deixando de limitar-se a apenas alguns países e espalhando-se por todo o mundo.

As transformações possibilitadas pelos avanços tecnocientíficos são vivenciadas até os dias atuais, sendo que cada nova descoberta representa um novo patamar alcançado dentro dessa fase da revolução, consolidando o que ficou conhecido como Capitalismo Financeiro. A introdução da biotecnologia, robótica, avanços na área da genética, telecomunicações, eletrônica, transporte, entre outras áreas, transformaram não só a produção, como também as relações sociais, o modo de vida da sociedade e o espaço geográfico.

Todo esse desenvolvimento proporcionado pelos avanços obtidas nas diversas áreas científicas relacionam-se ao que chamamos de globalização: tudo converge para a diminuição do tempo e das distâncias, ligando pessoas, lugares, transmitindo informações instantaneamente, superando, então, os desafios e obstáculos que permeiam a localização geográfica, as diferenças culturais, físicas e sociais.

Consequências

De um modo geral, a Revolução Industrial transformou não só o setor econômico e industrial, como também as relações sociais, as relações entre o homem e a natureza, provocando alterações no modo de vida das pessoas, nos padrões de consumo e no meio ambiente. Cada fase da revolução representou diferentes transformações e consequências mediante os avanços obtidos em cada período.

A Primeira Revolução Industrial representou uma nova organização no modo capitalista. Nesse período houve um aumento significativo de indústrias bem como o aumento significativo da produtividade (produção em menor tempo). O homem ao ser substituído pela máquina, saiu da zona rural para ir para as cidades em busca de novas oportunidades, dando início ao processo de urbanização.

Esse processo culminou no crescimento desenfreado das cidades, na marginalização de boa parte da população, bem como em problemas de ordem social como miséria, violência, fome. Nessa fase, também, a sociedade organizou-se em dois polos: de um lado a burguesia e do outro o proletariado.

A Segunda Revolução Industrial teve como principais consequências, mediante o maior avanço tecnológico, o aumento da produção em massa em bem menos tempo, consequentemente o aumento do comércio e modificação nos padrões de consumo; muitos países passaram a se industrializar, especialmente os mais ricos, dominando, então, economicamente diversos outros países (expansão territorial e exploração de matéria-prima).

O avanço nos transportes possibilitou maior e melhor escoamento de mercadorias e trânsito de pessoas; surgiram as grandes cidades e com elas também os problemas como superpopulação; aumento das doenças; desemprego e aumento da mão de obra barata e novas relações de trabalho.

A Terceira Revolução Industrial e nova integração entre ciência, tecnologia e produção, possibilitou avanços na medicina; a invenção de robôs capazes de fazer trabalho extremamente minucioso e preciso; houve avanços na área da genética, trazendo novas técnicas que melhoraram a qualidade de vida das pessoas; possibilitou diminuir as distâncias entre os povos e a maior difusão de notícias e informações por meio de novos meios de comunicação; o capitalismo financeiro consolidou-se e houve aumento do número de empresas multinacionais.

E não menos importante, todas essas transformações possibilitadas pela Revolução Industrial como um todo, transformou o modo como o homem relaciona-se com o meio. A apropriação dos recursos naturais para viabilizar as produções e os avanços tecnocientíficos têm causado grande impacto ambiental.

Atualmente, as alterações provocadas no meio ambiente têm sido amplamente discutidas pelas comunidades internacionais, órgãos e entidades, que expressam a importância de mudar o modelo de desenvolvimento econômico que explora os recursos naturais sem pensar nas gerações futuras.

TIPOS DE INDUSTRIA

            As indústrias podem ser classificadas segundo a forma de produção, o uso de matéria-prima e energia, o destino da produção e o desenvolvimento tecnológico.


A forma de produção

            De acordo com a forma de produção, as indústrias podem ser extrativas, de beneficiamento, de construção ou de transformação.

 

v  As extrativas, como o próprio nome indica, extraem matérias-primas (vegetal ou mineral), por exemplo, petróleo, madeira, minério, carvão mineral, etc.

v  A indústria de beneficiamento beneficia ou refina um produto primário para que possa ser usado por outras indústrias ou consumido diretamente pelos seres humanos. A indústria petroquímica, a de curtume (processamento do couro) e a de beneficiamento de grãos são alguns exemplos.

v  A indústria de construção é responsável pelo planejamento e pela construção de edifícios, residências, estradas, usinas hidrelétricas, navios, pontes etc., usando diferentes matérias – primas.

v  A indústria de transformação produz bens destinados a satisfazer às necessidades dos seres humanos e às de outras indústrias. As indústrias mecânicas, têxtil e automobilísticas são alguns exemplos.

Uso de matéria-prima e energia

            Quanto à quantidade de matéria – prima utilizada e de energia consumida, a indústria pode ser classificada em:

v  Indústria leve (de bebidas, têxtil, alimentícia etc.);

v  Indústria pesada, que necessita empregar grande quantidade de matéria-prima e energia no processo de produção (siderúrgica, naval, de veículos, de máquinas etc.).

 

Os bens de produção, de capital e de consumo

 

      Quanto ao destino da produção, podemos classificar as indústrias em bens de produção, bens de capital ou bens de consumo.

 

v  As indústrias de bens de produção transformam a matéria-prima que está em estado bruto ( por exemplo, o minério de ferro) em matéria-prima secundária (por exemplo , o aço) para ser aproveitada por outras indústrias. As mineradoras e as siderúrgicas são alguns exemplos.

v  As indústrias de bens de capital produzem, dentre outras coisas, diversos equipamentos e máquinas, por exemplo, as metalúrgicas, siderúrgicas, petroquímicas, navais, etc.

v  As indústrias de bens de consumo recebem esse nome pois produzem diversos produtos que são diretamente voltados para o mercado consumidor. Também são chamadas de “indústria leves”. Importante destacar, que diferente das indústrias de base, essas estão localizadas mais próximas dos centros urbanos. Isso facilita o acesso aos produtos por seus consumidores. Note que as matérias-primas utilizadas são provenientes do trabalho realizado pelas indústrias de base e intermediárias. Elas são classificadas de três maneiras:

 

·         Indústria de bens duráveis: incluem produtos não-perecíveis como os eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis, veículos, dentre outros. Recebe esse nome visto que os produtos gerados possuem uma longa durabilidade.

·         Indústria de bens semiduráveis: é intermediaria entre os dois outros tipos de indústria de bens de consumo. Ou seja, os produtos gerados possuem uma vida útil mediana, por exemplo, telefones, roupas, sapatos, etc.

·         Indústria de bens não-duráveis: envolvem produtos perecíveis considerados de primeira necessidade, por exemplo, os alimentos, bebidas, remédios, cosméticos, etc.

As indústrias tradicionais e de alta tecnologia

            Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, as indústrias podem ser classificadas como tradicionais ou de alta tecnologia.

v  As indústrias tradicionais são mais antigas e apresentam nível tecnológico mais baixo. Algumas delas, como a naval e a siderúrgica, estão passando por um processo de transformação e modernização, com o objetivo de se adaptar às novas necessidades do mercado e melhorar seus rendimentos.

v  As indústrias de alta tecnologia são características da Terceira Revolução Industrial. Elas empregam no processo de produção métodos de inovações tecnológicas e mão de obra qualificada, que permitem maior rendimento e produtividade. Informática, telecomunicações, biotecnologia, engelharia aeroespacial e genética são exemplos de industrias de alta tecnologia.

 


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