Migrações no Brasil

 


O termo ”migrações” corresponde à mobilidade espacial da população, ou seja, é o ato de trocar de país, de região, de estado ou até de domicílio. Esse fenômeno pode ser desencadeado por uma série de fatores: religiosos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos e ambientais.

No Brasil, os aspectos econômicos sempre impulsionaram as migrações internas. Durante os séculos XVII e XVIII, a intensa busca por metais preciosos desencadeou grandes fluxos migratórios com destino a Goiás, Mato Grosso e, principalmente, Minas Gerais. Em seguida, a expansão do café nas cidades do interior paulista atraiu milhares de migrantes, em especial mineiros e nordestinos.

No século XX, o modelo de produção capitalista criou espaços privilegiados para a instalação de indústrias no território brasileiro, fato que promoveu a centralização das atividades industriais na Região Sudeste. Como consequência desse processo, milhares de brasileiros de todas as regiões se deslocaram para as cidades do Sudeste, principalmente para São Paulo.

Outra consequência do atual modelo de produção é a migração da população rural para as cidades, fenômeno denominado êxodo rural.

O êxodo rural resulta em diversos problemas, no campo gera a diminuição da população rural no país, escassez de mão-de-obra e automaticamente diminui a produção de alimentos e matéria-prima, dessa forma força a inflação e há aumento no custo de vida.

Nas áreas urbanas o êxodo rural ocasiona muitos problemas de ordem estrutural e social, os principais são:

Ø  Aumento do desemprego: como o crescimento da população é muito acelerado, o mercado de trabalho não consegue absorver todos os trabalhadores, além disso, a falta de qualificação profissional dificulta a colocação em uma função.

Ø  Aumento do subemprego: em decorrência da falta de emprego e necessidade de ganhar o sustento, muitas pessoas se sujeitam a desempenhar atividades sem vínculos empregatícios para, pelo menos, conseguir adquirir sua alimentação.

Ø  Crescimento de favelas: a baixa renda e a falta de emprego derivam um problema na configuração da paisagem das cidades, uma vez que não podendo comprar um imóvel digno para morar muitas pessoas ocupam áreas periféricas sem condições e, em vários casos, em áreas de risco, isso provoca a expansão de casas precárias e bairros marginalizados.

Ø   Marginalização: a falta de oportunidades e de perspectivas proporciona o surgimento do crime e de atividades ilícitas, como a prostituição de adultos e crianças, tráfico de drogas, formação de quadrilhas, entre muitos outros conhecidos pela sociedade brasileira. Além do surgimento dos bóias-frias decorrente desse processo.

A Região Sudeste que, historicamente, recebeu o maior número de migrantes, tem apresentado declínio na migração, consequência da estagnação econômica e do aumento do desemprego na região. Nesse sentido, ocorreu uma mudança no cenário nacional dos fluxos migratórios, onde a Região Centro-Oeste passou a ser o principal destino.

As políticas públicas de ocupação e desenvolvimento econômico da porção oeste do território brasileiro intensificaram a migração para o Centro-Oeste. Entre as principais medidas para esse processo estão: construção de Goiânia, construção de Brasília, expansão da fronteira agrícola e investimentos em infraestrutura. O reflexo dessa política é que 30% da população do Centro-Oeste são oriundas de outras regiões do Brasil, conforme dados de 2008 divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Outro aspecto das migrações internas no Brasil é que os fluxos são mais comuns dentro dos próprios estados ou regiões de origem do migrante. Esse fato se deve à descentralização da atividade industrial no país, antes concentrada na Região Sudeste e em Regiões Metropolitanas.

Consequências das migrações

As migrações podem atenuar ou agudizar contrastes e problemas relacionados com o comportamento populacional de um país. Na realidade, podemos enumerar várias consequências que as migrações geram quer nos países de partida, quer nos países de chegada ou acolhimento.

As consequências para os PAÍSES DE PARTIDA, podem ser demográficas e económicas, enquanto que para os PAÍSES DE CHEGADA OU ACOLHIMENTO essas consequências além de demográficas e económicas podem também ser sociais.

 

 Consequências para os países de partida

Um país que vê partir a sua população sofre demograficamente com isso, uma vez que perde efectivos populacionais, ou seja, há uma diminuição da sua população absoluta e da densidade populacional. Além disso, como quem parte são principalmente os jovens e sobretudo do género masculino, isso acentua o envelhecimento da população e um desequilíbrio social entre os sexos, pela predominância de população mulheres e idosos. Consequentemente, como a população de torna mais idosa e que já não está em idade de procriar, há uma diminuição da taxa de natalidade, um aumento da taxa de mortalidade e ainda uma diminuição da taxa de crescimento natural.

Economicamente falando, a perda de jovens traduz-se também numa diminuição da população activa que pode ocasionar igualmente a estagnação da economia, uma vez que há falta de mão-de-obra para trabalhar em certos sectores de actividade, por exemplo, nos campos ou no comércio. Em contrapartida há uma redução do desemprego porque há mais postos de trabalho vagos. Uma outra coisa boa é que a economia de um país fortalece-se com a entrada de remessas ou divisas enviadas pelos emigrantes.

 

Consequências para os países de chegada ou acolhimento

Por seu turno, a nível demográfico, um país que recebe imigrantes sofre um aumento da população absoluta e da densidade populacional, um rejuvenescimento da população com a entrada dos jovens e dos seus filhos e aumenta a taxa de natalidade quando se deslocam os dois membros do casal. A nível económico, há um aumento da população ativa, mas que pode ser acompanhada pela possibilidade de desemprego porque há abundância de mão-de-obra, muitas vezes em excesso, o que leva a que esta seja cada vez mais barata em determinados sectores de atividade. Além disso, há um aumento dos encargos da segurança social com a entrada dos imigrantes. Socialmente falando, a entrada de estrangeiros pode gerar problemas de integração e conflitos sociais, despoletando sentimentos de xenofobismo ou racismo. Quando a integração é pacífica pode ocorrer o enriquecimento e heterogeneidade cultural, resultante da partilha, convivência e adopção de novos hábitos. Em certas cidades, os imigrantes dão origem a guetos e a bairros-de-lata dado a escassez de infraestruturas habitacionais. Por outro lado, pode aumentar o número de pedintes, aumento dos roubos e das situações de pobreza  extrema se acaso os imigrantes não conseguem arranjar trabalho/emprego.

 

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