Riquezas e fragilidades ambientais da Amazônia.

 


A Floresta Amazônica representa mais de 60% do território brasileiro e está presente em todos os estados da Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Maranhão e Mato Grosso. Está presente também nos países: Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.

É a maior floresta tropical do mundo, famosa por sua biodiversidade. Ela é atravessada por milhares de rios, entre eles o grandioso rio Amazonas. Entre as cidades ribeirinhas, com arquitetura do século XIX que data do início da exploração de borracha, destacam-se Manaus e Belém, no Brasil, e Iquitos e Puerto Maldonado, no Peru. 

Área5.500.000 km²

BiomaFloresta tropical

Ponto mais alto2 993 metros (Pico da Neblina)

RiosAmazonas

Clima da Amazônia

Atualmente, o clima na floresta Amazônica é equatorial, quente e úmido, devido à proximidade à Linha do Equador (contínua à Mata Atlântica), com a temperatura variando pouco durante o ano. As chuvas são abundantes, com as médias de precipitação anuais variando de 1 500 mm a 1 700 mm, podendo ultrapassar 3 000 mm na foz do rio Amazonas e no litoral do Amapá. O principal período chuvoso dura seis meses

A Amazônia é considerada pela comunidade científica uma peça importante para o equilíbrio climático em quase toda a América do Sul. Parte da umidade do ar (que, posteriormente, se transforma em chuva) importante para as regiões Centro-OesteSul e Sudeste do Brasil em vários meses do ano são justamente da Amazônia, levada pelos ventos para essas regiões. A Amazônia é importante para o equilíbrio do clima no Brasil, no Paraguai, no Uruguai e até na Argentina.

Solo

O solo amazônico é bastante pobre, contendo apenas uma fina camada de nutrientes. Contudo, a flora e fauna mantêm-se em virtude do estado de equilíbrio (clímax) atingido pelo ecossistema. O aproveitamento de recursos é ótimo, havendo o mínimo de perdas. Um claro exemplo está na distribuição acentuada de micorrizas pelo solo, que garantem às raízes uma absorção rápida dos nutrientes que escorrem da floresta com as chuvas. Também forma-se no solo uma camada de decomposição de folhas, galhos e animais mortos, rapidamente convertidos em nutrientes e aproveitados antes da lixiviação. Tal conversão dá-se pelo fato de os fungos ali encontrados serem saprofíticos

Principal Rio

Rio Amazonas é um grande rio sul-americano que nasce na Cordilheira dos Andes, no lago Lauri ou Lauricocha, no Peru e desagua no Oceano Atlântico, junto à Ilha de Marajó, no Brasil. Ao longo de seu percurso, ele recebe os nomes TunguraguaApurímacMarañónUcayali, Amazonas (a partir da junção do rios Marañon e Ucayali, no Peru), Solimões e novamente Amazonas (a partir da junção do rios Solimões e Negro, no Brasil). Por muito tempo, acreditou-se que o Rio Amazonas fosse o rio mais caudaloso do mundo e o segundo em comprimento, porém pesquisas recentes o apontam também como o rio mais longo do mundo. É o rio com a maior bacia hidrográfica do mundo, ultrapassando os 7 milhões de quilômetros quadrados, grande parte deles de selva tropical.

A área coberta por água no Rio Amazonas e seus afluentes mais do que triplica durante as estações do ano. Em média, na estação seca, 110 000 km² estão submersas, enquanto que, na estação das chuvas, essa área chega a ser de 350 000 km². No seu ponto mais largo, atinge, na época seca, 11 km de largura, que se transformam em 45 km na estação das chuvas.

Biodiversidade

Florestas tropicais úmidas são biomas muito biodiversos e as florestas tropicais da América são consistentemente mais biodiversas do que as florestas úmidas da África e Ásia. Com a maior extensão de floresta tropical da América, as florestas tropicais da Amazônia têm inigualável biodiversidade. Uma em cada dez espécies conhecidas no mundo vive na Floresta Amazônica. Esta constitui a maior coleção de plantas vivas e espécies animais no mundo.

A região é o lar de cerca de 2,5 milhões de espécies de insetos, dezenas de milhares de plantas e cerca de 2 000 aves e mamíferos. Até o momento, pelo menos 40 000 espécies de plantas, 3 000 de peixes, 1 294 aves, 427 mamíferos, 428 anfíbios e 378 répteis foram classificadas cientificamente na região. Um em cada cinco de todos os pássaros no mundo vivem nas florestas tropicais da Amazônia. Os cientistas descreveram entre 96 660 e 128 843 espécies de invertebrados só no Brasil.

A diversidade de espécies de plantas é a mais alta da Terra, sendo que alguns especialistas estimam que um quilômetro quadrado amazônico pode conter mais de mil tipos de árvores e milhares de espécies de outras plantas superiores. De acordo com um estudo de 2001, um quarto de quilômetro quadrado de floresta equatoriana suporta mais de 1 100 espécies de árvores.

Um quilômetro quadrado de floresta amazônica pode conter cerca de 90 790 toneladas métricas de plantas vivas. A biomassa da planta média é estimada em 356 ± 47 toneladas há  Até o momento, cerca de 438 mil espécies de plantas de interesse econômico e social têm sido registradas na região, com muitas mais ainda a serem descobertas ou catalogadas.

A área foliar verde das plantas e árvores na floresta varia em cerca de 25 por cento, como resultado de mudanças sazonais. Essa área expande-se durante a estação seca quando a luz solar é máxima, então sofre uma abscisão durante a estação úmida nublada. Estas mudanças fornecem um balanço de carbono entre fotossíntese e respiração.

A floresta contém várias espécies que podem representar perigo. Entre as maiores criaturas predatórias estão o jacaré-açuonça-pintada (ou jaguar), suçuarana (ou puma) e a sucuri. No rio Amazonasenguias elétricas podem produzir um choque elétrico que pode atordoar ou matar, enquanto que as piranhas são conhecidas por morder e machucar seres humanos. Em suas águas, também é possível se observar um dos maiores peixes de água doce do mundo, o pirarucu. Várias espécies de sapos venenosos secretam toxinas lipofílicas alcalóides através de sua carne. Há também inúmeros parasitas e vetores de doençasMorcegos-vampiros habitam na floresta e podem espalhar o vírus da raiva. Maláriafebre amarela e dengue também podem ser contraídas na região amazônica.

Vegetação da Amazônia

A Amazônia é uma das três grandes florestas tropicais do mundo. A hileia amazônica (como a definiu Alexander von Humboldt) possui a aparência, vista de cima, de uma camada contínua de copas, situadas a aproximadamente 50 metros do solo.

Existem três tipos de floresta da Amazônia. As duas últimas formam a Amazônia brasileiraflorestas montanhosas andinasflorestas de terra firme e florestas fluviais alagadas.

Ø  A floresta de terra firme, que não difere muito da floresta andina, exceto pela menor densidade, está localizada em planaltos pouco elevados (30-200 metros) e apresenta um solo extremamente pobre em nutrientes. Isto forçou uma adaptação das raízes das plantas, que, através de uma associação simbiótica com alguns tipos de fungos, passaram a decompor rapidamente a matéria orgânica depositada no solo, a fim de absorver os nutrientes antes deles serem lixiviados.

Ø   A floresta fluvial alagada também apresenta algumas adaptações às condições do ambiente, como raízes respiratórias, que possuem poros que permitem a absorção de oxigênio atmosférico. As áreas localizadas em terrenos baixos e sujeitos a inundações periódicas por águas brancas ou turvas, provenientes de rios de regiões ricas em matéria orgânica, são chamadas de florestas de várzea.

Ø  E as áreas alagadas por águas escuras, que percorrem terras arenosas e pobres em minerais e que assumem uma coloração escura devido à matéria orgânica presente, são chamadas de florestas de igapó. A oscilação do nível das águas pode chegar a até dez metros de altura.

A dificuldade para a entrada de luz pela abundância de copas faz com que a vegetação rasteira seja muito escassa na Amazônia, bem como os animais que habitam o solo e precisam desta vegetação. A maior parte da fauna amazônica é composta de animais que habitam as copas das árvores, entre 30 e 50 metros. A diversidade de espécies, porém, e a dificuldade de acesso às altas copas, faz com que grande parte da fauna ainda seja desconhecida.

A Amazônia não é homogênea, ao contrário, ela é formada por um mosaico de hábitats bastante distintos. A diversidade de hábitats inclui as florestas de transição, as matas secas e matas semidecíduas; matas de bambu (Guadua spp.), campinaranas, enclaves de cerrado, buritizais, florestas inundáveis (igapó e várzea), e a floresta de terra firme.

Produção de oxigênio

            Cálculos baseados em um estudo de 2010 estima-se que as florestas tropicais são responsáveis por 34% da fotossíntese que ocorre em terra e a Amazônia representaria cerca de metade disso. Isso significaria que a Amazônia gera cerca de 16% do oxigênio produzido em terra.[67] Essa porcentagem cai para 9% quando se leva em consideração o oxigênio produzido pelo fitoplâncton no oceano. O Project Drawdown, que pesquisa soluções de mudanças climáticas, chegou a uma estimativa mais conservadora de 6%. fotossíntese das plantas é, em última análise, responsável pelo oxigênio respirável, apenas uma fração muito pequena do crescimento da planta realmente contribui para a reserva de oxigênio no ar. Mesmo que toda a matéria orgânica na Amazônia fosse queimada de uma só vez, menos de 1% do oxigênio do mundo seria consumido.

Conservação e desmatamento

desmatamento é a conversão de áreas florestais para áreas não florestadas. As principais fontes de desmatamento na Amazônia são assentamentos humanos e o desenvolvimento da terra. Antes do início dos anos 1960, o acesso ao interior da floresta era muito restrito e a floresta permaneceu basicamente intacta.

Fazendas estabelecidas durante a década de 1960 eram baseadas no cultivo e corte e no método de queimar. No entanto, os colonos eram incapazes de gerir os seus campos e culturas por causa da perda de fertilidade do solo e a invasão de ervas daninhas. Os solos da Amazônia são produtivos por apenas um curto período de tempo, o que faz com que os agricultores estejam constantemente mudando-se para novas áreas e desmatando mais florestas.

 Estas práticas agrícolas levaram ao desmatamento e causaram extensos danos ambientais. O desmatamento é considerável e áreas desmatadas de floresta são visíveis a olho nu do espaço exterior.

Entre 1991 e 2000, a área total de floresta perdida na Amazônia subiu de 415 000 para 587 000 quilômetros quadrados, com a maioria da floresta desmatada sendo transformada em pastagens para o gado. Setenta por cento das terras anteriormente florestadas da Amazônia e 91% das terras desmatadas desde 1970 são usadas para pastagem de gado.

Brasil também é um dos maiores produtores mundiais de soja depois dos Estados Unidos. As necessidades dos agricultores de soja têm sido usadas para validar muitos dos projetos de transporte controversos que estão atualmente em desenvolvimento na Amazônia. As duas primeiras rodovias com sucesso abriram a floresta tropical e levaram ao aumento do desmatamento. A taxa de desmatamento médio anual entre 2000 e 2005 (22 392 km² por ano) foi 18% maior do que nos últimos cinco anos (19 018 km² por ano).

Na primeira década do século XXI, o desmatamento tinha diminuído significativamente na Amazônia brasileira. No entanto, de acordo com dados do Instituto Socioambiental (Isa), nos dois primeiros meses de 2019 a destruição da vegetação nativa na bacia do rio Xingu atingiu 8 500 hectares de floresta, o equivalente a 10 milhões de árvores e superou em 54% o desmatamento no mesmo período em 2018.

Ambientalistas estão preocupados com a perda de biodiversidade resultante da destruição da floresta. Outro fator preocupante é a emissão de carbono, que pode acelerar o aquecimento global. A vegetação da Amazônia possui cerca de 10% das reservas de carbono do mundo em seu ecossistema. Estudos mostram que o desmatamento insustentável da floresta levará à redução das chuvas e ao aumento da temperatura.

Mas, afinal, qual a função das florestas e por que elas são tão importantes? 

Ø  Além de estocar carbono, as florestas regulam o clima. No caso da Amazônia, esta leva a umidade gerada na floresta para outras regiões. Água que serve para irrigar plantações e encher reservatórios de água. 

Ø  As florestas são a casa de grande parte da biodiversidade do planeta, muitas vezes ainda desconhecida para a ciência. Na Amazônia, por exemplo, nos últimos anos foram documentadas cerca de 600 novas espécies, mesmo como baixo investimento do Brasil em ciência e pesquisa. Mas o avanço do desmatamento coloca em risco milhares – ou centenas de milhares – de espécies que sequer conhecemos

Ø  da biodiversidade. Por isso é fundamental manter a integridade e resiliência de florestas como a Amazônia, como a ciência vem defendendo há anos. 

Ø   Manter as florestas conservadas pode evitar a proliferação de doenças: um estudo mostrou que ao passo que a floresta é derrubada, também estudo mostrou que ao passo que a floresta é derrubada, também aumenta a incidência de malária. No caso de doenças zoonóticas – aquelas que são transmitidas de animais para humanos – , se um ecossistema está conservado e em equilíbrio, a diversidade de espécies evita que vírus, germes, bactérias e outros agentes patogênicos possam se proliferar. Entretanto, a perturbação dos ecossistemas naturais – como por exemplo o desmatamento – aumenta as chances desses patógenos passarem de animais selvagens para humanos. Um estudo argumenta que cerca de 30% do aparecimento de doenças como Zika, Ebola e Nipah estão conectadas com a mudança do uso do solo

Ø   A floresta é uma grande biblioteca de medicamentos naturais! Com a manutenção da floresta em pé e o investimento em pesquisas podemos encontrar princípios ativos para medicamentos e até a cura para doenças, tudo a partir do conhecimento da sua biodiversidade.

Ø  Além disso, a floresta em pé oferece oportunidades de envolvimento de comunidades locais, que podem desenvolver atividades econômicas de baixo impacto ao passo que conservam as florestas.

Ø  Esses são benefícios para toda a sociedade, enquanto a destruição da floresta é injusta, enriquecendo poucas pessoas e prejudicando a maioria. E mesmo com tantos alertas da comunidade científica sobre a importância de preservar as florestas, no Brasil infelizmente estamos seguindo na direção oposta, com a redução de atividades de fiscalização, enfraquecimento dos órgãos de combate ao desmatamento e ataque às terras indígenas.

O desmatamento voltou a subir por aqui. Só no último ano, houve aumento de 30% na destruição da Amazônia, o equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol desmatados.

A floresta está cada dia mais próxima de atingir o que os cientistas chamam de ponto de não retorno, quando a Amazônia perderia sua capacidade de se recuperar, chegando a um estado mais parecido com uma savana, levando a perda de serviços ecossistêmicos hoje oferecidos pela floresta.

Privatizações

Em agosto de 2017, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) a decisão do presidente Michel Temer de extinguir a Reserva Nacional do Cobre e seus associados (Renca), liberando uma área com 47 mil metros quadrados para mineração privada.

Conclusão

Quando conservadas, as florestas agem como uma solução para combater o avanço da crise climática e da biodiversidade. Mas quando são desmatadas, surtem o efeito contrário, elas contribuem com o problema, emitindo gases do efeito estufa que antes estavam retidos e comprometem o habitat de espécies

A floresta precisa de nós e nós precisamos dela

Precisamos, como sociedade, repensar nossa relação com a natureza e buscar soluções para lidar com a rápida perda da biodiversidade e com as mudanças climáticas. Um passo importante nesse caminho é parar imediatamente o desmatamento e manter as florestas remanescentes saudáveis.

Temos que agir para conservar a biodiversidade que conhecemos e também aquela que desconhecemos – neste sentido, investimentos em ciência e pesquisa são fundamentais.  


Por Mirian de oliveira lira

Licenciada em geografia e pós graduada em educação ambiental e desenvolvimento sustentável

 

 

 

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