Questão agrária no Brasil

 



Questão agrária abrange problemas que ocorrem no campo brasileiro, como a concentração de terras e os conflitos, os quais são mais graves nas áreas de fronteira agrícola.

A questão agrária diz respeito à estrutura fundiária e às relações produtivas e de trabalho no campo brasileiro. Assim, ela envolve fatores como a terra, o capital, os meios de produção e a mão de obra. A problemática agrária brasileira teve início com a distribuição desigual de terras no período da colonização, e só se agravou com o passar do tempo.

A Revolução Verde e o ingresso maior do capital no espaço agrário aprofundaram ainda mais as desigualdades e intensificaram os conflitos no campo, principalmente nas áreas de expansão da fronteira agrícola.

O que é questão agrária?

A questão agrária pode ser definida como o conjunto de atividades que se desenvolvem no campo somado à sua estrutura, organização e ao modo de produção agrícola. A questão agrária envolve, ainda, as relações entre trabalho e capital e entre a terra e o capital no meio rural, o que leva autores, como Girardi, a defini-la como “o conjunto de problemas inerentes ao desenvolvimento do capitalismo no campo”.

Devido à similaridade entre os termos, a questão agrária pode ser confundida com a questão agrícola, e, embora haja correlação entre ambas, elas dizem respeito a coisas diferentes.

A questão agrícola se refere à produção agropecuária e às cadeias produtivas no campo, com ênfase nos gêneros agrícolas que são produzidos, na quantidade, no local e nos demais aspectos referentes ao processo produtivo.Todos esses elementos estão também inseridos na questão agrária, mas esta é mais abrangente, visto que agrega os meios e modos de produção, a forma de organização do espaço agrícola e as relações sociais que ocorrem nesse espaço.

Fatores que envolvem a questão agrária no Brasil

A temática da questão agrária é bastante estudada e debatida tanto nos meios sociais quanto nos meios acadêmicos. Sua análise pode ser feita com base em diferentes perspectivas, como por meio:

v  da geografia;

v  da história;

v  da sociologia;

v  da economia.

Em todas elas, é possível distinguir fatores em comum que consistem em preocupações centrais para a problemática agrária brasileira.

O subaproveitamento do espaço rural brasileiro é caracterizado por uma baixa produtividade em relação aos outros países que possui uma agricultura pautada na mecanização. O motivo que faz o Brasil ter uma baixa produtividade está na predominância da prática da agropecuária tradicional.

O Brasil é um país extremamente agrícola, quase a metade do território é ocupada por estabelecimentos rurais. As concentrações e as relações estão divididas em estrutura fundiária, latifúndio, minifúndio, expropriação e êxodo rural.

v  Estrutura fundiária: Corresponde à maneira como as terras estão distribuídas no território.

v  Latifúndio: São grandes propriedades rurais com aproximadamente 600 hectares.

v  Minifúndio: São pequenas propriedade rurais com aproximadamente 3 hectares.

v  Expropriação: É quando um pequeno proprietário rural se encontra endividado e é obrigado a vender sua propriedade para pagar dívidas, geralmente os grandes fazendeiros próximos adquirem essas terras.

v  Êxodo rural: Corresponde ao deslocamento de trabalhadores rurais que saem do campo com destino aos centros urbanos, isso pode ocorrer por falta de trabalho no campo devido à mecanização ou mesmo para buscar uma vida melhor.

Conflitos no campo

Dentro desse escopo, a questão agrária se ocupa também de problemas como a grilagem de terras, os conflitos que acontecem no campo, motivados pelas disputas territoriais e pelo acesso à terra, a demarcação de terras indígenas e, tão importante quanto, a reforma agrária, um dos principais aspectos da questão agrária brasileira na atualidade.

No Brasil, grilagem de terras é a falsificação de documentos para, ilegalmente, tomar posse de terras devolutas ou de terceiros, bem como de prédios ou prédios indivisos.

Posseiro é a pessoa que detém a posse legal de um bem imóvel. Os posseiros são lavradores que, juntamente com a família, ocupam pequenas áreas de terras devolutas ou improdutivas, isto é, terras que não estão sendo utilizadas e que pertencem ao governo.

Com o passar do tempo e o advento de novos meios e técnicas de produção aliado à inserção do capital no campo, surge um novo modo de produção agropecuária. Desse processo decorre também a transformação no emprego de mão de obra nas lavouras e, por conseguinte, nas relações de trabalho no meio rural, sendo possível fazer a distinção entre agricultores familiares ou camponeses e grandes produtores rurais, sendo boa parte destes associada ao agronegócio.

As relações de trabalho no campo

Assim, além da terra propriamente dita, outros fatores importantes que permeiam a questão agrária brasileira são o capital e as relações de trabalho no campo. Mais recentemente, a exploração dos recursos naturais e as ameaças ao meio ambiente têm integrado igualmente a problemática agrária brasileira.

No campo existem as relações de trabalho que são diversificadas, como mão-de-obra familiar, posseiros, parceria, arrendatários, trabalhadores assalariados temporários e o trabalho escravo no campo.

v  Mão-de-obra familiar: É a relação de trabalho entre os entes da família exercendo todas as etapas produtivas.

v  Posseiros: São trabalhadores rurais que ocupam e/ou cultivam terras devolutas.

v  Parceria: É a junção entre dois trabalhadores ou produtores rurais, no qual um possui a propriedade da terra e o outro apenas a força de trabalho, esse vai cultivar a terra e depois dividir uma parte da produção com aquele.

v  Arrendatário: É quando um agricultor não possui terra, mas tem recursos financeiros, então arrenda ou aluga a propriedade por um período pré-determinado.

v  Trabalhadores assalariados temporários: São trabalhadores rurais que recebem salário, mas que trabalham apenas uma parte do ano, é o que acontece nas colheitas.

v  Trabalho escravo no campo: É quando o trabalhador não tem direitos trabalhistas, não recebe salário, pois tudo que é utilizado é cobrado, desde a alimentação até as ferramentas de trabalho, esse fica endividado, fato que o impede de ir embora.

v  Trabalho infantil: O Brasil é signatário das grandes convenções, dos acordos internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU) e da convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que disciplinam essa matéria. O trabalho infantil no nosso país é proibido para pessoas com menos de 16 anos, a não ser a partir dos 14 anos na condição de aprendiz. Ou seja, de 14 a 16 anos é possível, na condição de aprendiz, e acima dos 16 anos. Mesmo entre 16 e 18 anos, existem algumas restrições para o trabalho do adolescente. Ele não pode trabalhar em condição insalubre, trabalho noturno, perigoso. Tudo isso vem atender a Doutrina da Proteção Integral que está na nossa Constituição, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como forma de proteção da infância. O Brasil tem uma das melhores legislações do mundo no que diz respeito à proteção contra a exploração do trabalho infantil.

Histórico da questão agrária no Brasil

Os problemas no campo e a concentração fundiária no Brasil tiveram início ainda no período da colonização. À época, as terras brasileiras eram de propriedade da Coroa portuguesa, e a sua partilha se deu inicialmente por meio das capitanias hereditárias, que eram doadas a pessoas de confiança da Coroa. Essas propriedades serviam tanto para fins produtivos quanto para o estabelecimento português no Brasil, garantindo, assim, domínio sobre o novo território.

Com as capitanias surgiu o sistema de sesmarias, que funcionava também por doação e deveria ser uma propriedade produtiva. Esse sistema de atribuição ficou em vigor entre os séculos XVI e XIX, tendo fim em 1822. No intervalo de tempo que vai até 1850, não havia um instrumento que legislasse sobre a propriedade de terras no país, e as chamadas terras devolutas, isto é, aquelas terras que foram abandonadas pelos seus antigos donos (sesmeiros, no caso) e não pertenciam à Coroa, podiam ser livremente ocupadas.

Esse quadro se alterou em 1850, quando foi promulgada a Lei de Terras. A partir dela, a única forma de se adquirir propriedades rurais era por meio da compra. O novo instrumento ampliou o processo de concentração de terras que estava em curso no país, pois limitou o escopo daqueles que poderiam adquiri-las. Além disso, grandes proprietários lançaram mão de táticas como a grilagem, que nada mais é do que a falsificação de documentos, para aumentarem as suas áreas.

As pessoas que não tinham como adquirir a terra acabavam se tornando assalariados nas propriedades rurais, o que inclui grande parcela dos imigrantes europeus que chegavam ao país no período, os quais vinham atraídos pela (muitas vezes falsa) esperança de terem seus próprios lotes. A Lei de Terras representou um marco na questão agrária brasileira por limitar a aquisição de terras a um determinado grupo social e acentuar, dessa forma, as desigualdades no campo.

Um século mais tarde, na segunda metade do século XX, a modernização produtiva no campo que chamamos de Revolução Verde, mediada por políticas governamentais, causou profundas mudanças na estrutura produtiva do país.

A adoção do modelo produtivo do agronegócio, intensivo em capitais e baseado na monocultura e nas grandes propriedades de terra, bem como o avanço da fronteira agrícola para as regiões central e norte do Brasil aumentaram o número de trabalhadores rurais desempregados, intensificaram o processo de concentração de terras e suscitaram diversos conflitos violentos no campo. O quadro que se observa atualmente no país é derivado desse processo.

Questão agrária no Brasil atual

A questão agrária brasileira possui alguns atores principais, são eles:

 

v  Estado;

v  mercado;

v  latifundiários;

v  agroindústrias;

v  camponeses;

v  pequenos e médios proprietários de terra;

v  comunidades tradicionais (como os indígenas e quilombolas);

v  movimentos sociais e outras entidades.

O problema central que permeia o espaço agrário brasileiro é, ainda hoje, a concentração fundiária. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para o ano de 2018 mostram que, das 6.574.830 de propriedades rurais registradas no país, 1,47% possui mais de mil hectares. Em área, esse valor equivale a 57,69% de todos os mais de 775 milhões de hectares ocupados por propriedades no Brasil, demonstrando, assim, que há uma extensa área concentrada em poucos estabelecimentos rurais.

 

Grande parte dos latifúndios se encontra em áreas de fronteira agrícola, para onde houve a expansão de monocultivos como o da soja, que hoje é a principal commodity agrícola brasileira. Tratamos aqui especialmente da região Norte do país, para onde essa fronteira se desloca atualmente.

Muito da mão de obra e dos pequenos e médios produtores dessas áreas acabou por se deslocar para os centros urbanos em função da modernização produtiva, que extinguiu postos de trabalho, da competitividade imposta e até mesmo por conta da grilagem de terras, ameaças e outros motivos que provocam a sua expulsão do campo. Diante disso, temos que os principais conflitos e focos de violência no campo atualmente se concentram nas áreas de expansão da fronteira agrícola e mineral, atingindo pequenos produtores, posseiros e comunidades tradicionais.

A reforma agrária se encontra no cerne da questão agrária brasileira, visando à desapropriação de latifúndios improdutivos e redistribuição dessas terras. O Incra é o responsável pela sua execução, criando assentamentos para a alocação das famílias que não possuem terras próprias nem condições para a sua aquisição. Dados do instituto para 2017 mostram que o Brasil tem 972.289 famílias alocadas em 9374 assentamentos, totalizando 87.978.041,18 hectares de terras.

A problemática ambiental, a exploração em ritmo acelerado dos recursos naturais e a abertura de novas áreas produtivas por meio de práticas como a da queimada, por exemplo, têm ganhado também cada vez mais importância e urgência no debate da questão agrária brasileira.

 

Atividade

1.    Em relação a questão agrária no Brasil podemos encontrar situações em que   um pequeno proprietário rural se encontra endividado e é obrigado a vender sua propriedade para pagar dívidas, geralmente os grandes fazendeiros próximos adquirem essas terras. A situação recebe o nome de:

 

(A) Grilagem

(B) Expropriação

(C) Posseiro

(D) Trabalho escravo

(E) Estrutura fundiária

 

Alternativa correta: letra B

Expropriação: É quando um pequeno proprietário rural se encontra endividado e é obrigado a vender sua propriedade para pagar dívidas, geralmente os grandes fazendeiros próximos adquirem essas terras.

2.    Sobre o conceito de reforma agrária, é correto afirmar que:

 

(A) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades produtivas de um determinado país ou região.

(B) é uma política de incentivo à produção agrária vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.

(C) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades rurais improdutivas que só atende que tem condições para produzir na terra.

(D) a reforma agrária é o processo de doação de terras para o Governo, que produzirá alimentos para os mais carentes. Muitos fazendeiros realizam essa prática em troca de isenção de impostos.

(E) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades rurais improdutivas para camponeses que não possuem terras.

 

Alternativa correta: letra E

A reforma agrária é o processo de redistribuição das terras improdutivas de um país para beneficiar camponeses sem terras. Essa redistribuição tem como principal objetivo diminuir a quantidade de terras ociosas e de trabalhadores rurais sem terra, o que resultaria em um aumento da produtividade brasileira e da quantidade de alimentos para a população.

 

 

3.    (Enem) A propriedade compreende, em seu conteúdo e alcance, além do tradicional direito de uso, gozo e disposição por parte de seu titular, a obrigatoriedade do atendimento de sua função social, cuja definição é inseparável do requisito obrigatório do uso racional da propriedade e dos recursos ambientais que lhe são integrantes. O proprietário, como membro integrante da comunidade, sujeita-se a obrigações crescentes que, ultrapassando os limites dos direitos de vizinhança, no âmbito do direito privado, abrangem o campo dos direitos da coletividade, visando ao bem-estar geral, no âmbito do direito público.

 

JELINEK, R. O princípio da função social da propriedade e sua repercussão sobre o sistema do Código Civil. Disponível em: www.mp.rs.gov.br. Acesso em: 20 fev. 2013.

 

Os movimentos em prol da reforma agrária, que atuam com base no conceito de direito à propriedade apresentado no texto, propõem-se a

 

(A) reverter o processo de privatização fundiária.

(B) ressaltar a inviabilidade da produção latifundiária.

(C) defender a desapropriação dos espaços improdutivos.

(D) impedir a produção exportadora nas terras agriculturáveis.

(E) coibir o funcionamento de empresas agroindustriais no campo.

 

Alternativa correta: letra C.

Levando em consideração a função social da terra, a reforma agrária visa à desapropriação das terras improdutivas.

 

4.    (Unicamp) O gráfico a seguir mostra que o Brasil tem registrado, nos últimos anos, crescimento da violência no campo. Assinale a alternativa que indica corretamente o que vem motivando esse fenômeno e em que região tem predominado esse tipo de ocorrência.



Gráfico que apresenta o índice de assassinatos de trabalhadores rurais no Brasil de 2003 a 2017.

 

(A) A expulsão de agricultores familiares pelo avanço das culturas da cana-de-açúcar e do algodão tem gerado conflitos entre pequenos e grandes proprietários de terra; região Centro-Oeste.

(B) A fragmentação da propriedade em áreas de colonização dirigida e a disputa pela posse da terra entre herdeiros vêm produzindo violência agrária; região Norte.

(C) A rivalidade entre trabalhadores rurais e criadores extensivos de gado bovino no Pantanal e nas chapadas mato-grossenses tem resultado em violência agrária; região Centro-Oeste.

(D) A disputa pela terra envolvendo grileiros contra posseiros em áreas de expansão de monocultivos e de projetos de exploração mineral e madeireira tem gerado violência; região Norte.

(E) A expulsão de agricultores com a chegada da mecanização no campo devido ao constante avanço tecnológico no campo, ocasionando assim o êxodo rural.

 

Alternativa correta: letra D.

As áreas de expansão da fronteira agrícola e mineral no Norte do país têm concentrado, nos últimos anos, a maior ocorrência de violência no campo.

 

5.    Sobre a questão agrária no Brasil, marque V para as proposições que considerar verdadeiras e F para as proposições que considerar falsas:

I.( ) Historicamente, a distribuição de terras no Brasil visava a repartir as terras igualmente entre a Coroa e os colonos.

II.( ) A distribuição de terras no período colonial produziu terras devolutas, ou seja, terras que a Coroa cedeu às pessoas e que não foram cultivadas. Por isso, essas terras foram devolvidas.

III.( ) A Lei de Terras foi criada em 1850 com o objetivo de oferecer mão de obra aos fazendeiros produtores de café.

 

Assinale a alternativa correta:

 

(A) FFV

(B) FVV

(C) VFF

(D) VFV

(E) VVF

 

I.  Falsa: Historicamente, a distribuição de terras era utilizada como meio de ocupar áreas desabitadas e facilitar o controle do território.

 

II. Verdadeira

 

III. Verdadeira

 

6.    Sobre a agricultura brasileira são feitas as seguintes afirmações:

 

I. A mecanização da agricultura é uma das manifestações da modernização agrícola e trouxe consigo o êxodo rural.

II. A estrutura fundiária brasileira mantém-se excludente na medida em que privilegia o grande capital e as culturas de exportação em detrimento da agricultura familiar.

III. A reforma agrária é, atualmente, uma das grandes questões sociais e políticas do Brasil, congregando vários setores da sociedade e partidos políticos.

 

Quais estão corretas?

 

(A)  Apenas I

(B)  Apenas II

(C)  Apenas III

(D)  Apenas I e II

(E)  I, II e II

 

Alternativa correta: letra E

Todas as alternativas estão corretas.

 

7.    No Brasil, a reforma agrária nunca foi plenamente realizada. Um dos principais fatores que impedem a sua realização no país é:

 

(A) A falta de interesse dos camponeses em adquirir propriedades, já que o Brasil possui diversas propriedades disponíveis para a redistribuição de terras.

(B) O baixo preço pago pelo Governo pelas propriedades desapropriadas desincentiva os fazendeiros a entregarem suas terras para a redistribuição promovida pela reforma agrária.

(C) A grande corrupção dos movimentos que lutam em prol da reforma agrária, o que acaba resultando na não redistribuição das terras conquistadas.

(D) O custo de manutenção dos assentados, pois, mais do que apenas desapropriar e redistribuir terras, a reforma agrária tem que dar condições para o camponês produzir nas terras adquiridas.

(E) O pequeno número de terras improdutivas no país faz com que não seja possível realizar nenhuma redistribuição, já que, segundo a constituição de 1988, somente as terras improdutivas podem ser redistribuídas.

 

Alternativa correta: letra D

 

Mais do que redistribuir terras, o Governo precisa garantir que o camponês tenha condições de produzir. Isso é feito a partir da concessão de empréstimos com juros baixíssimos para que o camponês compre insumos e o maquinário necessário para a produção agropecuária.

 

8.    Na relação de trabalho no campo podemos encontrar a junção entre dois trabalhadores ou produtores rurais, no qual um possui a propriedade da terra e o outro apenas a força de trabalho, esse vai cultivar a terra e depois dividir uma parte da produção com aquele. Esse tipo de trabalho no campo recebe o nome:

 

(A) Arrendamento

(B) Trabalho assalariado

(C) Parceria

(D) Endividamento por dívida

(E) Trabalho infantil

 

Alternativa correta: letra C

Parceria: É a junção entre dois trabalhadores ou produtores rurais, no qual um possui a propriedade da terra e o outro apenas a força de trabalho, esse vai cultivar a terra e depois dividir uma parte da produção com aquele.

 

9.    Sobre a estrutura fundiária e as relações de trabalho no campo brasileiro, assinale a alternativa correta:

 

(A)  A estrutura fundiária apresenta acentuada concentração da propriedade, decorrente das formas de apropriação das terras, desde o período colonial.

(B)  A partir de 1850, com a Lei de Terras, todos os trabalhadores rurais passaram a ter acesso à terra.

(C)  A modernização do campo proporcionou a extinção dos contratos de parceria em todas as regiões brasileiras.

(D)  Nas áreas de fronteiras agrícolas, todos os trabalhadores rurais possuem títulos de propriedade da terra.

(E)  Os boias-frias são assalariados que trabalham nas propriedades de forma permanente e com vínculo empregatício.

 

Alternativa correta: letra A

 

a)           Correta

b)           Incorreta: A Lei de Terras não permite que todos os trabalhadores rurais tenham acesso à terra. Ela garante a venda de terras em leilões.

c)           Incorreta: A modernização no campo não extinguiu os contratos de parceria em todas as regiões. Ainda há contratos agrários de parceria e arrendamento no campo.

d)           Incorreta: Os boias-frias não têm vínculo empregatício.

 

10. A Constituição Federal de 1988 legitimou a realização da reforma agrária no Brasil. Porém, essa determinação gerou muitos conflitos em virtude da:

 

(A)  falha no artigo da Constituição ao não determinar o que é considerado propriedade improdutiva, dando margem para diversas interpretações, tanto a favor da reforma agrária quanto contra.

(B) falha na execução da lei, uma vez que muitas propriedades produtivas são redistribuídas para os camponeses.

(C) falha na execução da lei, já que muitas propriedades improdutivas são redistribuídas para grandes latifundiários em vez de serem repassadas para trabalhadores sem-terra.

(D) falha no artigo da Constituição, que determina que todas as propriedades agrárias estão sujeitas a serem redistribuídas de acordo com a vontade do poder público.

(E) falha na execução da lei, que não prevê indenizações para os proprietários das terras desapropriadas, causando, assim, muitos conflitos.

 

Alternativa correta: letra A

A Constituição de 1988 não determina o conceito de propriedade improdutiva, o que causa diversos conflitos em virtude das diferentes interpretações. Enquanto os sem-terra, ao encontrarem uma propriedade improdutiva, veem-se no direito de invadi-la, os proprietários afirmam que as terras são produtivas, condenando a invasão.

11. Acerca do Movimento dos Sem-Terra (MST) e da Reforma Agrária no Brasil, é CORRETO afirmar que:

 

(A) o MST não recebe o apoio da Igreja e da Pastoral da Terra por invadir e destruir laboratórios de pesquisa de empresas reflorestadoras e áreas produtivas.

(B) organismos de países capitalistas avançados se opõem ao financiamento das marchas do MST em função dos interesses ligados ao Fundo Monetário Internacional.

(C) a imprensa e a mídia brasileira em geral não divulgam as invasões, confrontos e mortes ligados à luta pela terra, temendo alarmar o público.

(D) a Constituição de 1988 estabeleceu ser obrigação do governo realizar a reforma agrária e, diante da inoperância governamental, o MST articulou ações de ocupação de terras.

 

12. Entre os efeitos de uma eventual realização da reforma agrária no espaço geográfico brasileiro, podemos assinalar corretamente, exceto:

 

(A) desconcentração das posses rurais.

(B) contenção do êxodo rural.

(C) expansão da agricultura familiar.

(D) extinção dos minifúndios.

(E) diversificação da produção.

 

Alternativa correta: letra D

 

Os efeitos esperados de uma reforma agrária ampla no Brasil seriam: a redução da concentração de terras, a diminuição do êxodo rural ou até um aumento substancial da população do campo, aumento das práticas da agricultura familiar e orgânica, a diversificação dos tipos de culturas produzidos pelas monoculturas, proliferação de pequenas propriedades, entre outros.

13. “Não deixa de causar certo desconforto, entre aqueles que têm se dedicado ao estudo das transformações no mundo rural, estarmos aqui reunidos, em pleno século XXI, para falar de reforma agrária, uma questão que já deveria ter sido resolvida no Brasil desde a segunda metade do século XIX. Entretanto, por fazer parte da realidade atual, como uma questão importante a ser tratada – embora, muitos dos que a defendiam no passado recente não mais pensem assim – não podemos e nem temos o direito de ignorá-la, pelo significado que ela encerra, seja do ponto de vista sócio-econômico, seja da dimensão política que lhe é inerente”.

 

(LOPES, E. S. A. A Reforma Agrária no Brasil: um velho problema, esperando uma solução que nunca chega? Fundação Joaquim Nabuco. Acesso em: 22 maio de 2015.)

 

A justificativa principal para a defesa da reforma agrária no Brasil assenta-se na existência, no espaço rural do país,

 

(A) da defasagem dos impostos rurais.

(B) do declínio no êxodo rural atual.

(C) da concentração fundiária.

(D) do decréscimo produtivo agrícola.

(E) da importância dos movimentos sociais do campo.

 

Alternativa correta: letra C

O principal argumento em defesa da execução da reforma agrária no Brasil é a existência de uma elevada concentração fundiária, construída a partir de constituições históricas.

14. Visualize com atenção a imagem do chargista Latuff, e analise as proposições.



I. A igualdade de forças entre os dois personagens da imagem está bem demarcada pela enxada na mão da mulher e a arma de fogo apontada pelo jagunço.

II. A presença da balança na mão do atirador representa de que lado a justiça pende diante dos confrontos entre latifundiários e movimentos sociais de luta pela terra.

III. A presença feminina, na charge, faz jus à histórica participação das mulheres nos movimentos sociais de ocupação pela terra.

IV. A justiça está representada com uma venda no olho, indicando sua imparcialidade diante dos problemas de disputas de terra no Brasil; ela atua sempre do lado da legalidade, nesse caso, a favor da concentração de riqueza e de propriedade nas mãos de uns poucos.

V. O chapéu representando o latifúndio simboliza os movimentos sociais que incluíram a questão da terra como pauta de luta.

 

Assinale a alternativa correta.

 

(A) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.

(B) Todas as afirmativas são verdadeiras.

(C) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.

(D) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.

(E) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.

Alternativa correta: letra A

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