As relações de trabalho e a sociedade

 

trabalho é a atividade por meio da qual o ser humano produz sua própria existência. Essa afirmação condiz com a definição dada por Karl Marx quanto ao que seria o trabalho. A ideia não é que o ser humano exista em função do trabalho, mas é por meio dele que produz os meios para manter-se vivo. Dito isso, o impacto do trabalho e do seu contexto exercem grande influência na construção do sujeito. Assim, existem áreas do conhecimento dedicadas apenas a estudar as diferentes formas em que se constituem as relações de trabalho e seus desdobramentos na vida de cada um de nós.

Não seria difícil, então, de se imaginar que, quando as relações de trabalho alteram-se no fluxo de nossa história, as nossas estruturas sociais também são alteradas, principalmente a forma como se estruturavam nossas relações, posições na hierarquia social, formas de segregação e, em grande parte, aspectos culturais erguidos em torno das relações de trabalho.

O Trabalho e o Homem

O trabalho existe desde a existência do próprio homem. Todos os momentos a partir da construção das ferramentas de madeira e pedras até a pintura em paredes de cavernas e a caçada com as próprias mãos, tudo isso pode ser considerado trabalho. Temos então a definição de trabalho como qualquer atividade exercida para sustento do indivíduo.  

Divide-se a história do trabalho em períodos conforme se alteram as formas de produção que o ser humano utiliza através do tempo. Assim se formam os regimes de trabalho.

Regimes de trabalho

Os cinco regimes criados ao longo de toda a história do trabalho foram:

  • Trabalho Primitivo,
  • Trabalho Escravo,
  • Trabalho Feudal,
  • Trabalho Capitalista,
  • Trabalho Socialista/Comunista.

O Trabalho primitivo

A história do trabalho começou oficialmente com o trabalho primitivo. Ele era praticado pelas sociedades primitivas que se preocupavam apenas com necessidades básicas: onde dormir, o que comer, etc…

Nessa época as primeiras ferramentas foram criadas a base de madeira e pedras. 

Pode-se dizer que o trabalho primitivo deu lugar a novas formas quando o homem começou a produzir e acumular alimentos e riquezas. Assim surgiram as hierarquias e elas vieram juntas com uma nova forma de trabalho. 

O trabalho escravo

Conforme o trabalho evoluía, também evoluíam as relações de poder e os que tinham mais poder eram os senhores de escravos que realizavam várias atividades. 

Os escravos eram todos os povos derrotados em guerras, por um outro povo. Logo, tendo ganhado uma batalha e dominado um território, aquele povo agora deveria trabalhar para os vitoriosos.

Os escravos eram de todos os tipos e nacionalidades, não sendo considerada apenas a cor da pele. Inclusive, na África, africanos escravizavam africanos, porque povos de diferentes etnias viviam em disputas entre si.

Com o tempo o trabalho escravo foi condenado por ser uma prática desumana e insustentável. Inclusive, prejudicial economicamente. 

O trabalho feudal

O avanço de tribos bárbaras pela Europa gerou a ruralização do continente e um alto controle social. Assim, atividades de campo foram ganhando cada vez mais força. Surgia assim o feudalismo.

Nesse sistema existíam vários feudos que eram territórios controlados pelo senhor feudal. Esse senhor era o dono de todo o feudo e tinha servos que trabalhavam para ele em troca de proteção e prevenção das necessidades básicas. 

As relações eram muito bem estabelecidas. Os servos trabalhavam em troca de proteção e recursos básicos para a sobrevivência. O senhor feudal que fazia parte da nobreza governava e o clero era o responsável por educar as pessoas e espiritualizá-las.    

O Trabalho capitalista

O Trabalho Capitalista utiliza do sistema de trocas voluntárias em que as pessoas voluntariamente trocam seu dinheiro por produtos ou serviços. No capitalismo é necessário que as pessoas pratiquem o acúmulo de capital para que assim possam empregar outras pessoas. Esses empregados trocam sua força de trabalho por um salário.  

O capitalismo começou com as caravanas de mercadores no final da Idade Média e gerou inúmeras formas de trabalho para o ser humano, além de ser o sistema mais enriquecedor e produtivo da história. 

Os comerciantes (mais conhecidos na época como burgos) se instalavam nos arredores dos castelos para vender suas mercadorias. Conforme o comércio evoluía e o capitalismo mercantil também, as cidades cresciam e novas técnicas eram inventadas. Era o surgimento da burguesia

Revolução Industrial marcou o início da segunda fase do capitalismo. Nessa parte, trabalhadores do campo foram buscar oportunidades nas cidades. Suas terras ficavam para os grandes senhores que as usavam para cultivo em larga escala.  

E a terceira e última fase oficial do capitalismo veio no século XX com o aparecimento das grandes empresas e bancos. Era o capitalismo financeiro que sustenta até hoje uma grande pirâmide social através do capital movimentado por um ciclo de consumo

Importante falar que o capitalismo é um sistema que apoia a liberdade individual e fomenta o incentivo de sempre ser mais produtivo dentro do que o indivíduo é competente. Dessa forma, cada um segue dentro da área que deseja e depende de si mesmo para gerar lucro com ela. 

O trabalho socialista/comunista

No Trabalho Socialista/Comunista os lucros conseguidos com o seu trabalho são tomados pelo Estado e (em teoria) re-divididos igualmente para toda a população. Ou seja, nada que você faz privadamente é realmente seu, mas de todos. E o Estado fica responsável por todos os frutos.   

Karl Marx se tornou o maior símbolo do socialismo e tentou ilustrar uma sociedade em que o trabalhador usufrui dos benefícios do próprio trabalho. Defendia que o capitalismo vê o trabalho do proletariado como mercadoria. Assim, ele citava a “mais-valia” como o conceito de que o empregador pagava aquém do que o trabalhador merecia ganhar. 

Na manufatura e no artesanato, o trabalhador utiliza a ferramenta; na fábrica, ele é um servo da máquina." A alienação para Marx, é compreendida através da ideia de que o indivíduo se torna alheio (alienado) à sua própria natureza e dos demais seres humanos. Isso pode se dá porque: O trabalhador passa a ser parte do processo de produção, perde a noção do valor de seu trabalho.

Ele usava isso para atacar o capitalismo, mas sem considerar que no socialismo não existe propriedade privada. Isso significa que é mais fácil o trabalhador usufruir do próprio trabalho e um sistema capitalista, porque o que ele compra com o próprio dinheiro é única e exclusivamente dele

Para o socialismo, o modo de produção capitalista é orientado pelo lucro e baseado na exploração do trabalhador. Desse modo, as principais medidas para alcançar uma sociedade igualitária seria coletivizar os meios de produção e valorizar o trabalho.

O trabalho presente e futuro

As transformações de nossas relações de trabalho não pararam na Revolução Industrial, pois ainda hoje o caráter de nossas atividades modifica-se. Contudo, as forças que motivam essas mudanças são outras. globalização é um dos fenômenos mais significativos da história humana e, da mesma forma que modificou nossas relações sociais mais íntimas, modificou também nossas relações de trabalho. A possibilidade de estarmos interconectados a todo momento encurtou distâncias e alongou nosso período de trabalho. O trabalho formal remunerado, que antes estava recluso entre as paredes das fábricas e escritórios, hoje nos persegue até em casa e demanda parte de nosso tempo livre, haja vista a crescente competitividade inerente ao mercado de trabalho.

A grande flexibilidade e a exigência por uma mão de obra cada vez mais especializada fazem com que o trabalhador dedique cada vez mais tempo de sua vida para o aperfeiçoamento profissional. Essa é uma das origens das grandes desigualdades sociais da sociedade contemporânea, uma vez que apenas aqueles que dispõem de tempo e dinheiro para dedicar-se ao processo de formação profissional, caro e exigente, conseguem subir na hierarquia social e econômica.

A introdução da automação na produção de bens de consumo tornou, em grande parte, a mão de obra humana obsoleta, aumentando o tamanho do exército de trabalhadores e diminuindo o valor da força de trabalho nos países que dispõem de grande população, mas com baixa especialização. Como resultado, a situação do trabalho só piora, pois se preocupar com o bem-estar do empregado é algo caro e, na concepção que prioriza o lucro monetário, não é um investimento que garanta renda imediata.

Atividade

 

1.    Podemos definir o feudalismo, do ponto de vista econômico, como um sistema baseado na produção, tendente à autossuficiência, sendo a agricultura seu principal setor. Politicamente o feudalismo caracterizava-se pela:

 

(A) existência de legislação específica a reger a vida de cada feudo.

(B)  atribuição do poder executivo à igreja.

(C) relação direta entre posse e soberania dos feudos, fragmentando assim o poder central.

(D) o trabalhador tinha total direito a terra e a produção.

(E) absoluta descentralização administrativa.

 

Alternativa correta letra: C

 

Politicamente o feudalismo caracterizava-se pela: relação direta entre posse e soberania dos feudos, fragmentando assim o poder central.

 

2.    Marque nas alternativas a seguir aquela que apresenta a principal características do trabalho capitalista.

 

(A)   No Trabalho capitalista os lucros conseguidos com o seu trabalho são tomados pelo Estado e (em teoria) redivididos igualmente para toda a população.

(B)  No trabalho capitalista, não existe concorrência nem trabalho assalariado.

(C)  No trabalho capitalista não há preocupação em acelerar a produção o importante é conseguir matérias primas para a produção.

(D)  No trabalho capitalista as sociedades primitivas que se preocupavam apenas com necessidades básicas: onde dormir, o que comer.

(E)  O lucro é o principal objetivo capitalista, proveniente do resultado da acumulação de capital. 

 

Alternativa correta letra: E

São características clássicas do capitalismo: Propriedade privada: consiste no sistema produtivo vinculado à propriedade individual. Lucro: é o principal objetivo capitalista, proveniente do resultado da acumulação de capital. 

3.    Em relação ao trabalho escravo marque a alternativa correta

 

(A)  O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas formas, com a Lei Áurea.

(B)  As jornadas excessivas e a situação degradante de trabalho são consideradas formas de escravidão pela legislação brasileira atual.

(C)  A privação da liberdade de uma pessoa, sob a alegação de dívida contraída no momento do contrato de trabalho, não é uma modalidade de escravidão.

(D)  O trabalho escravo só aconteceu nos países europeus, pois lá estão os países mais ricos do mundo.

(E)   A escravidão de negros africanos é a única modalidade de trabalho escravo na história do Brasil.

 

Alternativa correta letra: B

As jornadas excessivas e a situação degradante de trabalho são consideradas formas de escravidão pela legislação brasileira atual.

4.    O Brasil ainda não conseguiu extinguir o trabalho em condições de escravidão, pois ainda existem muitos trabalhadores nessa situação. Com relação a tal modalidade de exploração do ser humano, analise as afirmações abaixo.

 

I.              As relações entre os trabalhadores e seus empregadores marcam-se pela informalidade e pelas crescentes dívidas feitas pelos trabalhadores nos armazéns dos empregadores, aumentando a dependência financeira para com eles.

II.            Geralmente, os trabalhadores são atraídos de regiões distantes do local de trabalho, com a promessa de bons salários, mas as situações de trabalho envolvem condições insalubres e extenuantes.

III.          A persistência do trabalho escravo ou semi-escravo no Brasil, não obstante a legislação que o proíbe, explicase pela intensa competitividade do mercado globalizado.

 

Está correto o que se afirma em:

 

(A)  I e II somente

(B)  I, somente

(C)  II, somente

(D)  II e III somente

(E)  I, II e III

 

Alternativa correta letra: A

 

5.    Para o socialismo, o modo de produção capitalista é orientado pelo lucro e baseado na exploração do trabalhador. Desse modo, quais as principais medidas para alcançar uma sociedade igualitária?

 

(A)  Estimular a livre concorrência e reduzir a intervenção do Estado na economia.

(B)  Desenvolver o agronegócio e possibilitar a autossuficiência alimentar.

(C)  Coletivizar os lucros das empresas e criar impostos sobre grandes heranças.

(D)  Coletivizar os meios de produção e valorizar o trabalho.

(E)  Desvalorizar o trabalhador e valorizar a produção em grande escala.

Alternativa correta: letra D

Para o socialismo as principais medidas para alcançar uma sociedade igualitária e coletivizar os meios de produção e valorizar o trabalho.


6.    "Na manufatura e no artesanato, o trabalhador utiliza a ferramenta; na fábrica, ele é um servo da máquina."

A alienação para Marx, é compreendida através da ideia de que o indivíduo torna-se alheio (alienado) à sua própria natureza e dos demais seres humanos.

 

Isso pode se dá porque:

 

(A)  o trabalhador passa a ser parte do processo de produção, perde a noção do valor de seu trabalho.

(B)  o trabalhador aprende a valorizar o seu trabalho, através das jornadas diárias.

(C)   o trabalhador não se interessa por política e vota de acordo com os interesses da burguesia.

(D)  o trabalhador deixa de se compreender como ser humano e passa agir em função de sua natureza animal.

(E)  o trabalhador é substituído pela máquina e torna-se alheio à produção.

Alternativa correta letra: A

O trabalhador passa a ser parte do processo de produção, perde a noção do valor de seu trabalho.

7.    De acordo com o pensamento socialista, qual a relação entre a teoria da mais valia e a exploração da força de trabalho dos operários?

 

Resposta:

Analisando atentamente o processo de produção da riqueza, o pensamento socialista observa que os trabalhadores têm sua força de trabalho explorada na medida em que recebem um salário que representa uma parte mínima da riqueza que produzem ao longo do tempo. Com isso, além de não recompensar o trabalhador com uma remuneração proporcional à riqueza que produz, o sistema capitalista o impede de superar tal condição mediante a dependência criada pelo salário capaz de oferecer a ele o atendimento de suas demandas mais essenciais.   

 

 

 

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